Anvisa volta a pedir proteĂ§Ă£o policial aos seus servidores

De acordo com a agĂªncia, a solicitaĂ§Ă£o jĂ¡ havia sido feita quando as primeiras ameaças foram feitas, mas os ataques em redes sociais se intensificaram nas Ăºltimas 24 horas

anvisa, medicamentos, tratar, covid

Publicado em: 20/12/2021 Ă s 11:53 | Atualizado em: 20/12/2021 Ă s 11:53

A Anvisa (AgĂªncia Nacional de VigilĂ¢ncia SanitĂ¡ria) solicitou novamente proteĂ§Ă£o policial aos membros da entidade que participaram da aprovaĂ§Ă£o da aplicaĂ§Ă£o da vacina da Pfizer contra covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. O pedido foi feito por meio de ofĂ­cio neste domingo (19).

De acordo com a agĂªncia, a solicitaĂ§Ă£o jĂ¡ havia sido feita quando as primeiras ameaças foram feitas, mas os ataques em redes sociais se intensificaram nas Ăºltimas 24 horas.

“A Anvisa informa que, em face das ameaças de violĂªncia recebidas e intensificadas de forma crescente nas Ăºltimas 24 horas, foram expedidos neste domingo (19/12) ofĂ­cios reiterando os pedidos de proteĂ§Ă£o policial aos membros da AgĂªncia. Tais solicitações jĂ¡ haviam sido feitas no Ăºltimo mĂªs de novembro quando a AgĂªncia recebeu as primeiras ameaças”, disse em nota.

“O crescimento das ameaças faz com que novas investigações sejam necessĂ¡rias para identificar os autores e apurar responsabilidades”, continuou.

Leia mais

Servidores da Anvisa partem para confronto aberto pĂ³s intimidaĂ§Ă£o de Bolsonaro

O ofĂ­cio com a solicitaĂ§Ă£o foi endereçado ao procurador-geral da RepĂºblica, Augusto Aras, mas, segundo a Anvisa, o documento tambĂ©m serĂ¡ entregue ao ministro-chefe do gabinete de Segurança Institucional, ao ministro da Justiça, ao diretor-geral da PF (PolĂ­cia Federal) e ao superintendente regional da PF no Distrito Federal.

“Mesmo diante de eventual e futuro acolhimento dos pleitos, a AgĂªncia manifesta grande preocupaĂ§Ă£o em relaĂ§Ă£o Ă  segurança do seu corpo funcional, tendo em vista o grande nĂºmero de servidores da Anvisa espalhados por todo o Brasil. NĂ£o Ă© possĂ­vel afastar neste momento que tais servidores sejam alvo de ações covardes e criminosas”, afirmou a Anvisa.

“Esses fatos [ameaças em redes sociais] aumentaram a preocupaĂ§Ă£o e o receio dos Diretores e servidores quanto Ă  sua integridade fĂ­sica e de suas famĂ­lias e geraram evidente apreensĂ£o de que atos de violĂªncia possam ocorrer a qualquer momento”, disse o ofĂ­cio.

A agĂªncia afirmou ainda que “nĂ£o publicarĂ¡ os anexos que materializam as ameaças recebidas para nĂ£o expor os dados pessoais dos envolvidos, no entanto, todas as informações foram encaminhadas Ă s autoridades responsĂ¡veis” e que segue em sua missĂ£o de proteger a saĂºde do cidadĂ£o.

Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse ter pedido ao ministro da SaĂºde, Marcelo Queiroga, que os pais e responsĂ¡veis de menores de 12 anos tenham que assinar um termo de responsabilidade para vacinar as crianças, alĂ©m da exigĂªncia de receita mĂ©dica.

O presidente voltou a reforçar a fala de trĂªs dias antes, quando afirmou ter pedido Ă  Anvisa a divulgaĂ§Ă£o do nome dos tĂ©cnicos responsĂ¡veis pela aprovaĂ§Ă£o do imunizante da Pfizer para vacinar crianças de 5 a 11 anos -o que causou reaĂ§Ă£o da agĂªncia, repudiando a ameaça, e incitou ataques de apoiadores.

A autorizaĂ§Ă£o do uso da vacina foi divulgada na quinta-feira (15). A resoluĂ§Ă£o prevĂª que crianças recebam duas doses de 10 microgramas num intervalo de 21 dias.

No sĂ¡bado (18), o ministro da SaĂºde informou que estabeleceria um procedimento mais longo para autorizar a imunizaĂ§Ă£o desse pĂºblico e disse que sĂ³ divulgarĂ¡ a decisĂ£o sobre a vacinaĂ§Ă£o de crianças em 5 de janeiro.

Segundo Queiroga, o prazo mais extenso Ă© justificado por se tratar de um “tema sensĂ­vel” e que a “introduĂ§Ă£o desse produto no Ă¢mbito de uma polĂ­tica pĂºblica requer uma anĂ¡lise mais aprofundada”.

AtĂ© o momento, o imunizante da Pfizer Ă© o Ăºnico liberado para aplicaĂ§Ă£o em crianças e adolescentes no paĂ­s. Na avaliaĂ§Ă£o do ministro, sĂ³ a autorizaĂ§Ă£o da Anvisa nĂ£o Ă© suficiente para que a vacinaĂ§Ă£o seja colocada em prĂ¡tica.

Em outras ocasiões, o governo Bolsonaro jĂ¡ tentou barrar a vacinaĂ§Ă£o de menores de 18 anos.

Apesar da liberaĂ§Ă£o, o inĂ­cio da vacinaĂ§Ă£o nĂ£o pode ocorrer imediatamente porque o MinistĂ©rio da SaĂºde ainda nĂ£o solicitou a compra de doses especĂ­ficas para a faixa etĂ¡ria. A previsĂ£o Ă© imunizar 70 milhões de crianças.

Leia mais no NotĂ­cias ao Minuto

Foto: DivulgaĂ§Ă£o