Anatel afirma ter detectado programa malicioso no ‘gatonet’ mais vendido
AgĂªncia afirmou que o software malicioso "Ă© capaz de permitir que criminosos assumam o controle do TV Box para a captura de dados e informações dos usuĂ¡rios

Publicado em: 23/12/2021 Ă s 15:36 | Atualizado em: 23/12/2021 Ă s 15:36
A Anatel (AgĂªncia Nacional de Telecomunicações) encontrou um programa malicioso capaz de roubar dados de usuĂ¡rios que possuem a TV Box HTV, modelo pirata com acesso sem autorizaĂ§Ă£o de canais de TVs por assinatura mais vendido no Brasil. A descoberta se deu durante uma investigaĂ§Ă£o do modelo, que pode ser facilmente encontrado Ă venda na internet.
Segundo a agĂªncia, o malware encontrado na TV Box HTV Ă© capaz de capturar dados pessoais das pessoas sem que elas autorizem.
O estudo foi conduzido pela Anatel e contou com a colaboraĂ§Ă£o de tĂ©cnicos da Ancine (AgĂªncia Nacional de Cinema) e da ABTA (AssociaĂ§Ă£o Brasileira de TelevisĂ£o por Assinatura).
Em nota, a agĂªncia afirmou que o software malicioso “Ă© capaz de permitir que criminosos assumam o controle do TV Box para a captura de dados e informações dos usuĂ¡rios, como registros financeiros ou arquivos e fotos que estejam armazenados em dispositivos que compartilhem a mesma rede”.
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De acordo com a Anatel, os testes verificaram que durante a operaĂ§Ă£o do TV Box, uma atualizaĂ§Ă£o do malware era realizada via botnet e que um servidor de comando poderia operar remotamente os aplicativos instalados e realizar ataques de negaĂ§Ă£o de serviço — DoS.
“Havendo infraestrutura que permitisse o controle simultĂ¢neo de vĂ¡rias TV Boxes, seria possĂvel viabilizar ataques de negaĂ§Ă£o de serviço distribuĂdo (DDoS – Distributed Denial of Service), com potencial para causar prejuĂzos a instituições pĂºblicas e privadas que utilizam redes de telecomunicações”, diz a Anatel.
A agĂªncia reguladora afirma que utilizou equipamentos de TV Box disponĂveis em centros de comĂ©rcio popular e em marketplaces para realizar os testes. A intenĂ§Ă£o era garantir que os dispositivos analisados estivessem nas mesmas condições das experimentadas pelos usuĂ¡rios quando adquirem um aparelho desse tipo.
“Os testes tiveram suporte de peritos forenses e foram realizados por tĂ©cnicos da AgĂªncia utilizando infraestrutura residencial nas mesmas condições que o consumidor final. Esses testes ainda continuarĂ£o a ser realizados, abrangendo outros modelos de TV box”, afirmou a Anatel.
“Gatonet” Ă© ilegal?
NĂ£o Ă© raro conhecer alguĂ©m que tem o popular “gatonet”, mas serĂ¡ que Ă© legal? Estima-se que 33 milhões de brasileiros consomem conteĂºdo a partir de dispositivos que liberam o sinal de canais pagos — e Ă© essa aĂ§Ă£o que Ă© ilegal.
Ou seja, ter uma TV Box, por si sĂ³, nĂ£o Ă© ilegal, desde que o aparelho tenha sido homologado pela Anatel e seja usado apenas para transformar uma TV comum em uma Smart TV.
Mas a transmissĂ£o dos canais por assinatura Ă© proibida. Isso significa que tanto assinar e acessar quanto vender esse tipo de serviço Ă© crime no Brasil — infringe, entre outras, a lei dos direitos autorais (9610/1998) e a Lei Geral de Telecomunicações (9.472/1997).
Existem vĂ¡rios jeitos de ter acesso alternativo a canais de TV pagos. Eles vĂ£o desde o uso de decodificadores, que abrem sinais de satĂ©lite, a caixinhas de TV (conhecidas como TV Box) com IPTV clandestino (Internet Protocol Television, que Ă© o mĂ©todo usado para enviar sinal de TV por streaming), passando por listas de IPTV (em apps de celular e na internet). HĂ¡ ainda sites que oferecem filmes e futebol online e de maneira gratuita.
Quem comercializa os dispositivos e oferece serviços clandestinos pode ser enquadrado em crimes contra propriedade intelectual e concorrĂªncia desleal (na modalidade desvio de clientela alheia), que daria detenĂ§Ă£o de trĂªs meses a um ano, ou multa.
Quem contrata pode responder por crime de interceptaĂ§Ă£o ou recepĂ§Ă£o nĂ£o autorizada. A pena Ă© polĂªmica e depende de interpretaĂ§Ă£o jurĂdica, mas o STJ (Superior Tribunal de Justiça) entende que caso deve ser enquadrado em furto simples, que prevĂª pena de reclusĂ£o, de um a quatro anos, alĂ©m da multa.
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Foto: ReproduĂ§Ă£o Internet