A operação-padrão dos auditores fiscais da Receita Federal por melhores salários já começa a preocupar as indústrias da Zona Franca de Manaus (ZFM).
Os prejuízos podem ocorrer tanto pelo atraso na chegada de insumos quando na liberação dos produtos acabados para fora do Amazonas e ao exterior.
Essa mobilização busca pressionar o governo a regulamentar o pagamento de um bônus de eficiência à categoria e foi deflagrada após o anúncio de reajuste salarial apenas para servidores da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e do Departamento Penitenciário Nacional.
O protesto por reajuste já se estendeu por outras carreiras da elite do funcionalismo, como os servidores do Banco Central e os auditores do Trabalho.
Na região Norte, segundo o governador de Roraima, Antônio Denarium (PP), mais de 800 caminhões carregados com diversos tipos de mercadorias estavam parados domingo, 16, na fronteira com a Venezuela, na capital, Boa Vista, e em Manaus.
A Secretaria de Fazenda do Amazonas (Sefaz-AM), no entanto, afirma que o movimento nos postos de controle de entrada de mercadorias está normal.
Os transtornos causados pelo movimento dos auditores fiscais também ocorrem nos portos de Santos (SP), Rio de Janeiro (RJ), Itajaí (SC) e Pecém (CE), também no porto seco de Corumbá (MS), segundo informações obtidas pelo Estadão.
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Preocupação são os empregos
Embora a retomada das atividades do polo industrial de Manaus esteja retornando agora, após o recesso de fim de ano, o presidente do Centro das Indústrias do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, diz que os empresários estão reclamando pela demora na liberação dos insumos e produtos fabricados na ZFM.
No entanto, o maior fator de preocupação, diante da instabilidade do momento atual e pelas incertezas com a nova onda de covid-19 no Brasil e no Amazonas, é com os empregos.
“De repente, as empresas, pelo atraso no atendimento dos pedidos, poderão ter que ajustar os seus quadros e poderá prejudicar os empregos que estamos gerando hoje”, disse Périco.
Movimento nacional
O presidente do Cieam informou que nesta segunda-feira (17) a direção da entidade se reuniu com a Receita Federal e com o Sindicato dos Auditores Fiscais (Sindfisco-AM) para tratar do assunto.
“Expusemos nossa preocupação principalmente com os empregos no Amazonas, mas eles nos disseram que esse é um movimento nacional em defesa da categoria”.
A direção do Sindfisco informou que não houve acordo e, portanto, até o momento o movimento está mantido. A categoria espera uma solução do governo federal
O BNC Amazonas procurou o Sindfisco nacional e estadual para se manifestarem sobre a operação-padrão no Amazonas, mas até a publicação dessa reportagem não obteve resposta.
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Paralisação de advertência
Nesta terça-feira, 18, está marcada uma paralisação de 10h às 12h dos auditores da Receita Federal, Banco Central e outras dezenas de categorias de servidores públicos federais em todo o país.
Haverá protestos presenciais em Brasília, em frente ao Banco Central e no Ministério da Economia.
O objetivo da mobilização é reajuste salarial não somente para os policiais federais, mas também para o Banco Central, Receita Federal e demais servidores.
Nesta paralisação de advertência, os sindicatos dos servidores públicos informam que os serviços essenciais serão mantidos.
Prorrogação do retorno presencial
Não bastassem as manifestações de protesto e operação-padrão por reajuste de salários, os servidores da Receita Federal, assim como todos os trabalhadores e a população, enfrentam a nova onda da covid-19.
Diante do aumento do número de infectados pela doença, em especial os causados pela variante ômicron, a Receita decidiu prorrogar para 31 de março deste ano o retorno dos servidores e empregados públicos de seu quadro à modalidade presencial.
A portaria que prevê o adiamento da volta de servidores foi publicada no diário oficial da União de hoje.
Inicialmente, a previsão era de que o retorno de todos os servidores e empregados públicos se daria até 31 de dezembro de 2021.
De acordo com a portaria, caberá aos titulares de unidades assegurar a preservação das atividades e o funcionamento de serviços de natureza presencial, até a nova data de retorno.
Também cabe a eles assegurar a preservação das atividades, bem como o funcionamento dos serviços considerados de natureza presencial.
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Covid no distrito industrial
Conforme Périco, a nova onda de coronavírus também está afetando a atividade das indústrias da ZFM.
Afirma, no entanto, que a paralisação ainda não chega a 100%, mas as indústrias estão tendo que fazer o remanejamento dos funcionários que estão contaminados com os que estão à disposição da empresa. E isso, afirmou, afeta o ritmo da produção.
Foto: divulgação/Receita