Márcio Pochmann diz que Bolsonaro mente na marcha em Manaus 

Presidente do Instituto Lula critica Jair Bolsonaro e avalia a Zona Franca de Manaus como uma “experiência econômica exitosa”

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Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 30/05/2022 às 20:13 | Atualizado em: 01/06/2022 às 10:49

O presidente do Instituto Lula, Márcio Pochmann, considerou a participação do presidente Jair Bolsonaro (PL) na Marcha Pró-Jesus, realizada no último sábado (28), em Manaus, uma espécie de vale-tudo na pré-campanha eleitoral. 

No mês de março passado, Pochmann foi apontado pelo Índice Científico Alper-Doger (AD-2022) como um dos quatro principais economistas do país e 11º na América Latina. 

Ele, que é professor de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e da UFABC (Universidade Federal do ABC), sugestionou que Bolsonaro mentiu descaradamente para os amazonenses no evento. 

“Vale tudo. Na Marcha Pró-Jesus, no estado do Amazonas, Bolsonaro disse que nunca fez ou faria nada contra a Zona Franca de Manaus, embora o seu próprio governo patrocina ação na justiça para reduzir o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de 35% para 25%. Em reação, empresas se preparam para ir embora”, disse.  

O presidente do Instituto Lula, que avalia a Zona Franca de Manaus como uma “experiência econômica exitosa”, fez referência a uma ação do governo no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o modelo econômico. 

Depois de uma liminar concedida pelo ministro Alexandre de Moraes, retirando os produtos fabricados na ZFM dos efeitos dos decretos de redução de IPI, a Advocacia-Geral da União (AGU) ingressou com recurso para manter a redução do IPI e com efeito na ZFM. 

“A Zona Franca de Manaus não é um paraíso fiscal soberano”, afirmou a AGU na ação, o que revoltou setores da política e empresarial do Estado. 

Discurso 

Contudo, no seu discurso no evento, o presidente disse que a Zona Franca jamais seria atingida por seu governo. 

“Ninguém tem o que vocês têm, vocês têm tudo para ser o estado mais próspero do nosso Brasil. Deus nos deu riquezas minerais, biodiversidade, água em abundância e terras agricultáveis. Nós venceremos todos os obstáculos e transformaremos o Brasil melhor para todos”, afirmou. 

Os aplausos a ele na marcha estão sendo considerados um aceno também contra a economia amazonense, que depende das vantagens comparativas da Zona Franca garantidas na Constituição. Afinal, é preciso continuar gerando emprego e renda na região. 

Foto: Ronaldo Siqueira/exclusiva para o BNC Amazonas