Este domingo, 5 de junho, é um marco histórico para a comunidade global. Há 50 anos era realizada a 1ª Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente.
A Conferência de Estocolmo ou Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano ocorreu entre 5 e 16 de junho de 1972, na capital da Suécia.
O encontro reuniu representantes de 150 países para discutir questões ambientais de maneira global. A conferência estimulou a formação de ministérios e agências
Cinquenta anos depois, a Suécia voltou a ser o país anfitrião. Nos dias 2 e 3 junho, a conferência Estocolmo+50 trouxe o tema: “Uma só terra ” para conscientizar a humanidade para a importância de preservação da riqueza do planeta e os perigos que ele enfrenta.
As comemorações dos 50 anos do Dia Mundial do Meio Ambiente serão transmitidas ao vivo da Suécia e Nairóbi, através do site oficial. (https://www.worldenvironmentday.global/pt-br?x=11 )
Pontos de vista
No cinquentenário do Dia Mundial do Meio Ambiente, o BNC Amazonas perguntou a instituições e especialistas ambientais o que comemorar nessa data?
A pertinência do questionamento se dá porque povos, comunidades tradicionais e agricultores familiares estão ameaçados por desmatamento, degradação florestal e mudanças climáticas na Amazônia
“Acredito que ainda podemos e devemos celebrar o patrimônio ambiental riquíssimo do Brasil, com uma biodiversidade ímpar, que tem o potencial de prover recursos e serviços tão importantes e escassos em outras regiões do planeta”, responde Mariana Napolitano – gerente de Ciências do WWF-Brasil
A cientista afirma que o Brasil é uma das poucas grandes economias do mundo com o potencial de se tornar carbono neutro, ou até negativo, em pouco tempo.
E isso pode ocorrer porque temos uma matriz energética ainda predominantemente renovável, uma grande extensão de terras a serem recuperadas e o desmatamento como maior vetor de emissões. “Isso faz com que possamos reduzir significativamente as emissões a partir de medidas que não impactam o crescimento econômico”, ressalta.
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Na direção oposta
No entanto, diz Mariana Napolitano, o cenário atual coloca o país em direção completamente oposta. “Estamos entrando em mais uma estação seca, com recordes de desmatamento e queimadas pelo quarto ano seguido”.
No Congresso, diversas propostas integram um pacote de destruição ambiental que ameaça não só o meio ambiente, mas também os povos e comunidades tradicionais, e as condições que garantem a saúde e bem-estar da nossa população.
“Conflitos, invasões de terras públicas, grilagem e garimpo se intensificam. Portanto, nesse dia do meio ambiente, vale refletir qual o futuro que queremos: de pária ambiental global ou de uma nação que usa de forma inteligente e sustentável seu capital natural para gerar emprego, renda, segurança alimentar e hídrica para sua população, além de contribuir de forma significativa para evitar os piores cenários relacionados com as mudanças do clima?”, chama à reflexão a gerente de Ciências do WWF-Brasil.
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Direito ambiental na Constituição
Nessa reflexão, o biólogo da empresa Amazônia Socioambiental e doutorando em Ciências Ambientais no Inpe, Diego Oliveira Brandão, traz ao debate o artigo sobre meio ambiente na Constituição da República Federativa do Brasil, que expõe em seu artigo 225 o seguinte:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Porém, afirma Brandão, os povos, comunidades tradicionais e agricultores familiares, que dependem da floresta na Amazônia estão com seus direitos ameaçados por atividades humanas ligadas ao desmatamento, a degradação florestal e as mudanças climáticas.
Medidas essenciais
Para o doutorando do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as mudanças no meio ambiente são ameaças porque reduzem a distribuição geográfica e a produtividade de plantas empregadas na subsistência de pessoas que dependem da floresta na Amazônia.
Outro dado trazido pelo biólogo, que tem mestrado em biodiversidade pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), é que o desmatamento anual médio tem sido de 16.000 km2, sendo a forma mais abrupta de perda de biodiversidade na Amazônia.
Afirma ainda que a degradação florestal tem ocorrido em uma área ainda maior do que a área desmatada anualmente, sendo associada principalmente com incêndios florestais, efeito de borda e corte seletivo de árvores”, diz o biólogo.
“Portanto, a eliminação do desmatamento e a recuperação da vegetação nativa são medidas essenciais e urgentes para reduzir os impactos negativos das atividades humanas na vegetação e comunidades dependentes da floresta na Amazônia”, reitera Diego Brandão
Cuidar do planeta
Para a diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar, o Dia do Meio Ambiente é importante para chamar a atenção sobre a importância de “cuidar da nossa casa”, ou seja, do planeta em que vivemos.
“Esse é um cuidado que tem que ser coletivo. Infelizmente, apesar da pauta ambiental ser fundamental e necessária, nós estamos negligenciando sua importância. Não temos muito o que comemorar: as taxas de desmatamento seguem em ritmo acelerado, acabamos de ter o mês de maio com maior número de focos de calor de 2004, os rios da Amazônia estão cada vez mais poluídos pela ação garimpeira, e os eventos climáticos extremos causados pelo aquecimento global têm gerado impactos sociais e econômicos graves”, lamenta Ane Alencar.
Foto: Amazônia Legal/reprodução