A região Norte tem a pior média do Brasil de médicos por 100 mil habitantes. São apenas 1,4, enquanto a média nacional é de 2,7 até este junho. Uma das causas pode ser a forte evasão dos profissionais formados pelas faculdades nos estados. De cada 10 que concluem o curso de medicina nos estados nortistas, 6 deles preferem se registrar em outras regiões.
Dessa forma, nem a interiorização e expansão dos cursos não têm garantido a fixação de médicos na região menos assistida.
Mesmo com a ampliação do número de formados, alguns estados chegam a perder até mais de 60% dos recém-formados. Por exemplo, o Acre, onde a evasão é de 62%.
De 240 alunos que se formaram em medicina entre 2018 e 2021, 62,9% foram para outros estados para começar a atuar na profissão.
Conforme a Folha de S.Paulo, a ampliação dos cursos de medicina se intensificou no país a partir de 2013, com a lei do Mais Médicos . O argumento era de que a abertura de escolas médicas em regiões mais desassistidas traria retenção dos profissionais.
A ideia não só não funcionou como criou um problema a mais. Entidades médicas temem que disputa bilionária entre grupos educacionais possa ampliar a concentração dos médicos no Sul e Sudeste do país.
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Evasão judicializada
Essa disputa chegou ao STF (Supremo Tribunal Federal) no fim de junho.
De acordo com as ações, centenas de faculdades particulares têm conseguido autorização judicial para abrir cursos de medicina.
O questionamento, portanto, é que estes não atendem critérios regionais do Mais Médicos.
Além disso, atropelam essas autorizações moratória de 2018, quando o governo Michel Temer (MDB) impediu novas autorizações de vagas em medicina até abril de 2023.
A suspensão tinha como objetivo conter o avanço de cursos sem qualidade no país.
“O que se vê no Brasil é a criação de um verdadeiro negócio no processo de abertura, com exclusivo interesse privado”, disse o presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina), José Hiran Gallo.
Um levantamento feito pelo CFM identificou que os estados com menor proporção de médicos têm uma alta migração de recém-formados.
Leia estudo completo na Folha de S.Paulo.
Foto: Prefeitura de Boa Vista