Minutos após a Petrobrás anunciar uma redução no preço de venda da gasolina nas refinarias, o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi as redes sociais. Com tom contrário ao adotado nas mexidas anteriores nos preços dos combustíveis — que atacava a política de paridade de preços e os lucros da petroleira –, desta vez, o presidente celebrou.
“A redução é de 5,18%. Brevemente, o Brasil terá uma das gasolina (sic) mais barata do mundo”, disse, sobre o reajuste de 4,06 reais para 3,86 (4,92% de queda) que passa a valer na quarta-feira, 20.
A reação otimista de Bolsonaro reflete parte do esforço do presidente em tentar baixar o preço dos combustíveis e o impacto deles na inflação e em sua popularidade em pleno ano eleitoral.
Enquanto abriu uma verdadeira guerra contra o comando da estatal (e que culminou com a demissão de dois presidentes da empresa de março pra cá), Bolsonaro tentava empurrar para longe de si a responsabilidade sobre a política de preços, algo que não fez nessa manifestação após o reajuste para baixo dos preços.
A estratégia de tentar se desvincular dos preços dos combustíveis mudou depois da aprovação da lei que estabeleceu um teto do ICMS de combustíveis e energia elétrica, que fez os preços nas bombas baixarem pelo país.
Em nota, a Petrobrás afirma que a redução dos preços da gasolina nas refinarias “acompanha a evolução dos preços internacionais de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para a gasolina”.
O barril de petróleo tipo brent está cotado a 106 dólares nesta terça-feira, bem abaixo de valores vistos em março e abril, no início da guerra entre Rússia e Ucrânia.
De lá para cá, passou a pesar na cotação do petróleo o risco de recessão em grandes economias, como a americana e de países europeus e, com isso, a cotação passou a cair.
Como a Petrobrás segue a política de paridade de preço internacional, até pouco tempo atrás muito atacada por Bolsonaro, a variação negativa do valor do petróleo entrou na conta e possibilitou a queda do combustível na refinaria.
Vale lembrar que a disparada dos preços do petróleo no mercado internacional é o que serve de base para a PEC das Bondades. Por meio dela, o Congresso autorizou a instituição de um estado de emergência devido à guerra entre Rússia e Ucrânia e suas consequências na cotação global da commodity.
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Com esse estado de emergência, o governo está autorizado a furar o teto de gastos em 41 bilhões de reais para pagar benefícios sociais, como o aumento no Auxílio Brasil e voucher para caminhoneiros as vésperas do pleito presidencial, o que dribla as regras da lei eleitoral.
Depois do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luiz Edson Fachin, pedir um “basta” nos ataques do presidente Jair Bolsonaro à segurança do sistema eleitoral, nesta terça-feira (19), foi a vez de Luiz Fux, responder à ofensiva do presidente Jair Bolsonaro à Justiça Eleitoral.
Fux conversou com Fachin por videoconferência e divulgou em seguida uma nota oficial repudiando os novos ataques de Bolsonaro à segurança da urna eletrônica.
A oposição também acionou o STF, acusando o presidente de ter cometido uma série de crimes na reunião que chamou ontem com embaixadores para atacar o sistema eleitoral.
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Foto: Ehder de Souza/Petrobrás