Convenção do PL mantém roteiro bolsonarista de ataque a Lula e ao STF

A primeira-dama discursou atendendo a um apelo da campanha, para ela intensificar a participação nos atos como forma de melhorar a imagem do presidente juntos às mulheres

Diamantino Junior

Publicado em: 24/07/2022 às 12:13 | Atualizado em: 24/07/2022 às 12:13

convenção nacional do PL oficializou, neste domingo (24), o presidente Jair Bolsonaro como candidato à reeleição e o ex-ministro da Defesa Braga Netto, vice.

O evento ocorre no Maracanãzinho, que estava tomado pelas cores verde e amarelo. Bolsonaro chegou ao local acompanhado da primeira-dama, Michelle, de Braga Netto e sua esposa.

A cerimônia começou com uma oração do deputado federal e pastor Marco Feliciano (PL-SP). Depois, Michelle discursou.

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A primeira-dama atendeu a um apelo da campanha, que vem a meses pedindo para ela intensificar a participação nos atos como forma de melhorar a imagem do presidente juntos às mulheres —fatia do eleitorado que mais rejeita o presidente (61%).

Em um raro discurso, Michelle fez uma fala repleta de referências religiosas e mencionou, mais de uma vez, o atentado a Bolsonaro em 2018, em Juiz de Fora.

“A reeleição não é por um projeto de poder, como muitos pensam, não é por status, porque é muito difícil estar desse lado, é por um propósito de libertação, é um propósito de cura para o nosso Brasil. Declaramos que o Brasil é do senhor”, disse Michelle.

Ela também buscou destacar feitos do governo para as mulheres, como a sanção de leis para proteção de mulheres.

“Esse é o presidente que falam que não gosta de mulheres. A diferença é que ele faz, ele não quer se promover. Nós não queremos nos promover, nós queremos fazer, entregar, e esse é nosso compromisso desde o dia 1 de janeiro de 2019”, completou.

Bolsonaro passou a discursar logo após a primeira-dama. Acenou a mulheres, atacou Lula, prefeitos e governadores por atuação na pandemia e voltou a afirmar que não há corrupção no governo.

Em meio às falas do presidente, o público vaiou STF, cantou ” Supremo é o povo” e “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”.

Atrás do palco, imagem da bandeira do Brasil e foto do presidente apoiadores e o slogan “Pelo bem do Brasil”, antecipado pela Folha.

A frase é da coligação da chapa de Bolsonaro, e tem como mote a tese de “luta do bem contra o mal”, que o mandatário tenta imprimir à eleição deste ano na disputa contra o petista.

O estádio tem capacidade para 11,8 mil pessoas. Marcaram presença no palco candidatos, parlamentares e aliados, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) —que foi ovacionado por bolsonaristas.​

O evento do PL ocorre a menos de três meses da eleição. O chefe do Executivo está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do ex-presidente Lula (PT).

Levantamento do Datafolha do final de junho mostra o petista 19 pontos à frente de Bolsonaro, marcando 47% contra 28%, no primeiro turno.

Entre os aliados que subiram ao palco estavam o presidente da Câmara, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), candidato de Bolsonaro no estado; o ministro Marcelo Queiroga, da Saúde; Ciro Nogueira, da Casa Civil; Fábio Faria, das Comunicações; Anderson Torres, da Justiça e Segurança Pública; e Victor Godoy, da Educação.

Quando as autoridades subiam ao palco, tocava o barulhinho da urna eletrônica.

Também estiveram por lá o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas, que disputará o governo de São Paulo; o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello; a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina; o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef; e os deputados federais Hélio Lopes, Bia Kicis e Carla Zambelli.

Um dos políticos mais aplaudidos pelos presentes foi o deputado federal Daniel Silveira, condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a 8 anos e 9 meses de prisão, em regime inicial fechado, por ataques aos ministros da corte. Um dia depois, no entanto, recebeu um indulto de Bolsonaro.

Todos os convidados foram instruídos a levarem seus cônjuges, suas famílias. A campanha quer dar destaque especial às mulheres no palco.

O PL queria que a convenção deste domingo destacasse o papel da família e, principalmente, das mulheres. Esta fatia do eleitorado é a que o presidente encontra maior dificuldade: segundo o último Datafolha, a rejeição neste segmento é de 61%.

A campanha já vinha insistindo há meses para que a primeira-dama participasse mais das agendas ao lado do presidente. A avaliação é de que ela tem potencial de ser um importante cabo eleitorado junto às mulheres.

Michelle, contudo, vinha resistindo. Por isso, nos últimos dias, integrantes da campanha temiam que a primeira-dama discursaria, ainda que fosse esperada. Coube à ela uma breve fala em agradecimento às mulheres e uma oração –ela é evangélica.

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Foto: redes sociais do PL