Indígenas do povo Karipuna, em Rondônia, estão cercados tanto por invasores como por queimadas e aguardam há pelo menos quatro anos que os governos federal e local os protejam. Um dever que está previsto na Constituição.
Em meio à pior era de incêndios da história da Amazônia, viver ao lado das chamas é um incômodo e um risco.
A rotina de invasões e desmatamento se intensificou nos últimos anos devido à redução do aparato de fiscalização e punição a infratores ambientais.
“A gente tem denunciado isso, mas não resultou em nada. Estamos sós”, diz o líder Adriano Karipuna, referência na luta pelo seu povo.
Homologada em 2018, a Terra Indígena Karipuna tem 153 mil hectares e fica entre os municípios de Porto Velho e Nova Mamoré.
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Em 2019, o MPF (Ministério Público Federal) informava que havia “atuação criminosa de madeireiros e grileiros, sendo constatado que 11 mil hectares já foram devastados em razão da exploração ilícita”.
Adriano já viajou o mundo denunciando os ataques aos indígenas de seu povo, mas não encontrou respaldo, porque é ignorado pelos órgãos nacionais.
Para citar alguns exemplos, em 2018, ele esteve na 17ª Sessão do Fórum Permanente sobre Assuntos Indígenas das Nações Unidas, em Nova York. Em 2019, discursou em evento paralelo durante a 41ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU [Organização das Nações Unidas], na Suíça. Em 2020, as denúncias foram no Sínodo da Amazônia, no Vaticano.
“A gente faz essas denúncias fora do Brasil, mas não tivemos, nem temos, nenhuma proteção ao desmatamento ou para conter o fogo. As pessoas que estão praticando esses crimes não são punidas”, diz ele.
Povos isolados
Uma das maiores preocupações está nos indígenas que vivem isolados na terra. “Eles estão cercados com esses focos de queimadas e desmatamento no território.”
Sem ter brigadas para apagar os incêndios, Adriano conta que o maior aliado contra as queimadas na Amazônia tem sido a chuva dos últimos dias.
“A gente sabe que o atual presidente sucateou os órgãos. Então o que tem nos ajudado é que choveu, mas a gente sabe que basta dar cinco dias de sol que eles vêm e colocam fogo de novo”, afirma.
“O território karipuna é muito grande, e a gente vê a floresta incendiar e os animais ficarem desesperados. Tudo para que possa fazer pasto ou preparar a terra para plantação de soja, banana e café”.
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Foto: Tiago Miotto/Cimi