Ministros do STF derrubam decretos de Bolsonaro sobre armas

Um dos pontos do relatรณrio aprovado รฉ que a posse de armas de fogo sรณ pode ser autorizada por efetiva necessidade

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Aguinaldo Rodrigues

Publicado em: 20/09/2022 ร s 19:58 | Atualizado em: 20/09/2022 ร s 19:58

A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta terรงa-feira (20), que nenhum cidadรฃo pode portar armas e muniรงรตes ร  vontade, conforme preveem decretos do Poder Executivo.

Por 6 votos a 1, os ministros da corte (sรฃo 11) consolidaram derrubar decisรตes do presidente da Repรบblica que regulamentaram o Estatuto do Desarmamento.

Veja pontos do relatรณrio de Fachin:

-a posse de armas de fogoย sรณ pode ser autorizada ร s pessoas que demonstrem concretamente, por razรตes profissionais ou pessoais, possuรญrem efetiva necessidade;ย 

-a aquisiรงรฃo de armas de fogo de uso restritoย sรณ pode ser autorizada no interesse da prรณpria seguranรงa pรบblica ou da defesa nacional, nรฃo em razรฃo do interesse pessoal;ย 

-os quantitativos de muniรงรตes adquirรญveisย se limitam ร quilo que, de forma diligente e proporcional, garanta apenas o necessรกrio ร  seguranรงa dos cidadรฃos

Alรฉm de Fachin, os votos foram proferidos pelos ministros Luรญs Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e a presidente, Rosa Weber. Faltam os votos de quatro ministros.ย 

O voto divergente foi proferido pelo ministro Nunes Marques. No inรญcio de seu voto, o ministro defendeu o direito de autodefesa como “consequรชncia natural” da proteรงรฃo do direito constitucional ร  vida.

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Entendaย 

Apรณs a decisรฃo de Edson Fachin, proferida no dia 5 de setembro, o caso foi liberado para referendo dos demais ministros da Corte no plenรกrio virtual, modalidade de votaรงรฃo na qual os votos sรฃo inseridos em um sistema eletrรดnico e nรฃo hรก deliberaรงรฃo presencial. O julgamento comeรงou na sexta-feira (16) e termina hoje. 

Pela decisรฃo, a limitaรงรฃo da quantidade de muniรงรฃo deve ser garantida apenas na quantidade necessรกria para a seguranรงa dos cidadรฃos.

O Poder Executivo nรฃo pode criar novas situaรงรตes de necessidade que nรฃo estรฃo previstas em lei e a compra de armas de uso restrito sรณ pode ser autorizada para seguranรงa pรบblica ou defesa nacional, e nรฃo com base no interesse pessoal do cidadรฃo.

Pedido de adversรกrios

As cautelares foram solicitadas pelo PT e PSB e alcanรงam parcialmente os decretos 9.846/2019ย eย 9.845/2019, alรฉm de suspender aย Portaria Interministerial 1.634ย de 22 de abril de 2020, que trata do limite da compra de muniรงรฃo por pessoas autorizadas a portar arma de fogo.ย 

A questรฃo da validade dos decretos comeรงou a ser julgada no ano passado, mas foi interrompida por um pedido de vista do ministro Nunes Marques.

No entanto, Fachin รฉ relator de aรงรตes que tramitam paralelamente aos processos cuja anรกlise foi suspensa e concedeu as liminares.

O ministro citou o risco de violรชncia durante as eleiรงรตes para suspender individualmente parte dos decretos.

Com informaรงรตes da Agรชncia Brasil e das repรณrteres Rosanne D’Agostino e Camila Bomfim, do G1 e GloboNewsย 

Foto:ย Fernando Frazรฃo/Agรชncia Brasil