‘Com Bolsonaro, terras indígenas foram roubadas e Funai desmontada’

Denúncia chega à ONU

Bolsonaro diz que indígenas 'querem isso aí', mineração em suas terras

Ferreira Gabriel

Publicado em: 28/09/2022 às 11:54 | Atualizado em: 28/09/2022 às 11:54

Os últimos quatro anos foram marcados pelo “roubo” das terras indígenas no Brasil e por uma destruição da Funai. O alerta é do relator da ONU para os Povos Indígenas, Francisco Cali Tzay.

Profundo conhecedor do Brasil, o relator enviou diversas denúncias ao governo de Jair Bolsonaro desde 2019 e apontou para graves violações de direitos humanos no país. Ao longo dos últimos anos, ele ainda recebeu dezenas de indígenas, ativistas e representantes da sociedade civil brasileira.

Em entrevista à coluna, um dos principais especialistas em direitos dos povos indígenas no mundo insiste que parte da destruição realizada nos últimos anos no Brasil não terá como ser resgatada.

Nesta quarta-feira, ele receberá novas denúncias contra Bolsonaro, apresentadas por diferentes grupos indígenas brasileiros que estão nesta semana na ONU, em Genebra.

Desde que assumiu o governo, em 2019, Bolsonaro prometeu e cumpriu que não iria demarcar nenhum centímetro extra de terras indígenas. O resultado, segundo os grupos de direitos humanos, foi a explosão da violência. Já o presidente usou cada um de seus discursos na tribuna da ONU para garantir que seu governo protege os indígenas e que as áreas demarcadas são maiores que os territórios de países europeus.

O discurso não convenceu ninguém na agência internacional. “A grande ameaça que os povos indígenas no Brasil enfrentaram nos últimos quatro anos foi a usurpação de suas terras, a ocupação ilegal de suas terras”, disse. “E o translado de outras pessoas não indígenas para argumentar que essas terras estão ocupadas e que podem ser exploradas em seus recursos “, afirmou Cali Tzay.

“Essas terras foram roubadas. Eram terras demarcadas legalmente”, alertou. Segundo ele, isso só foi possível por conta de uma operação, ao mesmo tempo, da “quase destruição da Funai”.

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Foto: Marcos Corrêa/PR