Eleitor de onde mais se desmata na Amazônia prefere Bolsonaro

Entre esses municípios está uma capital, Porto Velho, que hoje tem o terceiro maior índice de desmatamento do país

Publicado em: 10/10/2022 às 12:55 | Atualizado em: 10/10/2022 às 12:55

Dos dez municípios que tiveram a maior área desmatada entre 2019 e 2021, nove deram um aumento percentual de votos válidos ao presidente Jair Bolsonaro (PL) no último domingo, em comparação com a eleição de 2018. Todos eles ficam na Amazônia.

Entre esses municípios está uma capital, Porto Velho, que hoje tem o terceiro maior índice de desmatamento do país, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Ela foi a única em que houve redução de votos válidos ao candidato à reeleição, mesmo assim em um patamar tímido: de 57,7% para 56,8%.

Nas demais cidades do interior, todas tiveram aumento na votação dada ao presidente. Em Pacajá (PA), por exemplo, a votação de Bolsonaro foi de 6,6 mil para 11,5 mil, uma alta de 73%. Com isso, ele venceu no município no primeiro turno —em 2018, Fernando Haddad, do PT, havia sido vitorioso.

O mapa dessas cidades em que Bolsonaro ganhou coincide com aquela área chamada de arco do desmatamento, que historicamente reúne a maior área afetada pela destruição da floresta.

As cidades que fazem parte dele estão nas bordas da floresta, especialmente no estado do Pará.

Os dados do Inpe revelam que, de agosto de 2021 até julho de 2022, foram derrubados 8.590,33 km² do bioma, área maior do que a da Grande São Paulo. A taxa é a terceira maior do histórico recente do Deter, iniciado em 2015.

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Em setembro, o desmatamento bateu recorde histórico. A área desmatada no mês foi de 1.455 km², ligeiramente maior do que a do recorde anterior, de setembro de 2019 (1.454 km²) —isso é maior do que a cidade do Rio de Janeiro (1.200 km²) e um pouco menor que a cidade de São Paulo (1.521 km²).

Essa área vem concentrando, ao longo dos últimos anos, o maior percentual de floresta nativa destruída pelo homem, o que vem gerando uma série de mudanças climáticas em várias regiões da Amazônia e fora dela.

Estudos mais recentes apontam que o bioma já sofre com um aquecimento acima da média mundial e com a redução dos índices de chuva. Isso ocorre devido à degradação da floresta, causada especialmente pela derrubada das árvores.

Leia mais na reportagem de Carlos Madeiro publicada no UOL

Foto: divulgação