Aliados de Bolsonaro cobram R$ 3,5 bilhões em emendas
Arthur Lira intensificou a pressĂ£o sobre o MinistĂ©rio da Economia nos Ăºltimos dias, mas ainda nĂ£o recebeu sinalizaĂ§Ă£o positiva de que serĂ¡ atendido

Publicado em: 12/10/2022 Ă s 12:32 | Atualizado em: 12/10/2022 Ă s 12:32
O governo Jair Bolsonaro (PL) decidiu impor um bloqueio mais severo do que o inicialmente sinalizado sobre as emendas de relator, usadas como moeda de troca nas negociações com o Congresso Nacional, para proporcionar alĂvio aos ministĂ©rios com despesas comprimidas.
O esforço necessĂ¡rio para conter despesas era de R$ 2,6 bilhões, conforme anunciado em 22 de setembro pelo MinistĂ©rio da Economia (que nĂ£o detalhou as pastas ou os valores em emendas que seriam alvos do congelamento).
Mas a decisĂ£o foi bloquear um valor ainda maior, de R$ 3,5 bilhões em emendas, para remanejar a diferença de quase R$ 1 bilhĂ£o a Ă³rgĂ£os que enfrentavam maiores dificuldades.
Em meio Ă campanha eleitoral, o MinistĂ©rio da Economia vem escondendo os nĂºmeros oficiais do ajuste no Orçamento de 2022.
A Folha apurou os dados com diferentes integrantes do governo e do Congresso.
De acordo com os relatos, o governo destravou cerca de R$ 600 milhões para a Economia, que havia sofrido cortes severos no inĂcio do ano, e R$ 250 milhões para o MinistĂ©rio do Trabalho e PrevidĂªncia —boa parte da verba foi para manter agĂªncias do INSS e a central telefĂ´nica do Ă³rgĂ£o (135) funcionando, alĂ©m de pagar os contratos com a Dataprev, que processa a folha de pagamento dos benefĂcios.
Os ministĂ©rios da Defesa e da CiĂªncia, Tecnologia e Inovações, alĂ©m da PresidĂªncia da RepĂºblica, tambĂ©m receberam recursos no Ăºltimo dia 30 de setembro, quando foi publicado o decreto de programaĂ§Ă£o orçamentĂ¡ria.
O bloqueio nas emendas irritou o presidente da CĂ¢mara, Arthur Lira (PP-AL), que havia acertado a destinaĂ§Ă£o de parte dessas verbas com parlamentares aliados.
Outra parcela ainda seria negociada atĂ© o fim do ano, em meio Ă tentativa de Lira de garantir sua reconduĂ§Ă£o ao comando da Casa na votaĂ§Ă£o prevista para fevereiro de 2023.
A trava nos recursos atrapalha os planos do deputado, que ficou praticamente sem dinheiro para agradar aliados.
Dos R$ 16,5 bilhões previstos em emendas de relator para este ano, R$ 8,7 bilhões jĂ¡ foram empenhados (primeira fase do gasto, quando Ă© firmado o compromisso com a contrataĂ§Ă£o de bens ou serviços) e outros R$ 7,7 bilhões estĂ£o bloqueados.
Nos bastidores do Congresso, fala-se que a verba efetivamente disponĂvel no momento Ă© de cerca de R$ 15 milhões apenas. Por isso, Lira intensificou a pressĂ£o sobre o MinistĂ©rio da Economia nos Ăºltimos dias, mas ainda nĂ£o recebeu sinalizaĂ§Ă£o positiva de que serĂ¡ atendido.
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LĂderes governistas relatam, reservadamente, que tambĂ©m estĂ£o sendo cobrados para obter do PalĂ¡cio do Planalto uma soluĂ§Ă£o para o impasse. HĂ¡ emendas que foram prometidas e negociadas antes das eleições e nĂ£o avançaram nos ministĂ©rios.
A expectativa de aliados do Planalto Ă© que o governo ceda Ă pressĂ£o antes do segundo turno e libere a verba. A avaliaĂ§Ă£o de tĂ©cnicos, no entanto, Ă© que o Orçamento estĂ¡ bastante apertado, e um espaço para desbloquear emendas ainda Ă© incerto.
Leia mais na reportagem de Idiana Tomazelli e Thiago Resende no portal do jornal Folha de S.Paulo
Foto: divulgaĂ§Ă£o