O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), subordinado à Polícia Civil, apura relação de negócios do PCC (Primeiro Comando da Capital) na Auto Viação Transcap.
Um dos sócios da Transcap, Valter da Silva Bispo, 53, é acusado de extorquir dinheiro de um advogado, de um contador da empresa e de uma testemunha protegida. Um outro cotista afirmou ao Deic que também foi vítima de extorsão na sede da companhia e ameaçado na presença de integrantes do PCC.
O advogado Adib Abdouni, defensor de Bispo, foi procurado pela reportagem, mas ainda não se manifestou. A versão da defesa do acusado será publicada na íntegra assim que houver um posicionamento.
Bispo foi preso temporariamente em 22 de agosto deste ano e teve a prisão preventiva decretada quatro dias depois pela juíza Luciana Menezes Scorza, do Fórum Central Criminal da Barra Funda. Ele está recolhido na carceragem do 31º Distrito Policial.
Em 6 de setembro, a juíza Cynthia Torres Cristofaro, da 23ª Vara Criminal da Capital, aceitou a denúncia de extorsão contra Bispo, oferecida pelo Ministério Público Estadual. A magistrada decidiu manter a prisão preventiva do acusado.
Um dos cotistas da Transcap procurou o Deic em junho deste ano e afirmou que Bispo o acusou de ter desviado R$ 2 milhões da empresa e que deveria ressarcir o dinheiro em dez parcelas de R$ 200 mil “sob pena de prestar contas aos integrantes do PCC e sofrer consequências gravíssimas”.
Com medo de ser morto, o cotista pagou a primeira parcela. Segundo ele, foi Bispo quem usou indevidamente o dinheiro da Transcap e comprou em 30 de dezembro de 2019 um lote em um condomínio no Guarujá (SP) e em 10 de dezembro de 2020 um imóvel no Residencial II em Alphaville, Barueri (SP).
O cotista explicou que a Transcap é originária da Unicoopers, uma cooperativa de perueiros que explorava a prestação de serviços de transporte público de passageiros na zona sul da capital paulista, da qual ele e Bispo foram eleitos para compor a diretoria.
Em 2014, ambos fundaram a Transcap e, em agosto de 2015, para poder participar de um processo licitatório e ter o número mínimo de capital social, a companhia teve de se associar à SIDSILVA Participações Ltda. O dono dela ficou com 36% das cotas da Transcap. Bispo e o outro cotista ficaram com 32% cada um.
Em agosto de 2020, Bispo transferiu para o nome dele todas as cotas pertencentes a SIDSILVA. O dono da empresa também se sentiu ameaçado e em março de 2021 decidiu se afastar definitivamente da Transcap.
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Foto: Arquivo/Tânia Rêgo/Agência Brasil