Milionários investem R$ 22,8 milhões em lulistas e bolsonaristas
Maiores doadores brasileiros mandaram R$ 5,8 milhões para Bolsonaro e R$ 4 milhões para Tarcísio de Freitas

Publicado em: 23/10/2022 às 10:39 | Atualizado em: 23/10/2022 às 10:48
Os maiores milionários ou bilionários do Brasil investiram R$ 22,8 milhões nesta campanha eleitoral até o momento. Entre os que receberam ajuda está o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, com R$ 5,8 milhões. Depois dele, aparece Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo, com R$ 4 milhões.
As doações alcançaram também candidatos de outros partidos e cargos assim como o PT, exceto o ex-presidente Lula.
Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), copilados pelos jornalistas do Metrópoles Júlia Portela e Maria Eduarda Portela.
Assim sendo, os cinco maiores doadores investiram R$ 5,555 milhões em candidatos que não foram eleitos.
Entre postulantes aos cargos de governador e deputado, campanhas receberam doações milionárias, mas não alcançaram o número de votos para eleição, conforme a publicação.
O maior doador a campanhas neste ano, Rubens Ometto Silveira Mello, doou R$ 8,8 milhões.
Parte do valor, no entanto, foi direcionado a candidatos que não se elegeram.
O candidato à Câmara Darci de Matos (PSD), por exemplo, recebeu R$ 150 mil – a segunda maior doação feita pelo empresário – e não foi eleito.
Ometto é empresário conhecido do setor açucareiro e do etanol. Ele está entre os dez maiores bilionários do país, segundo a revista Forbes.
Outro que recebeu um valor alto do empresário foi Carlos Moises da Silva (Republicanos), que concorria à reeleição para o governo de Santa Catarina. Ele recebeu R$ 100 mil, mas não chegou sequer ao segundo turno, disputado por Jorginho Mello (PL) e Décio Lima (PT).
Grendene
Em segundo no ranking de doadores, Alexandre Grendene Bartelle doou R$ 6,4 milhões. Desse montante, R$ 2,4 milhões foram para candidatos não eleitos.
A maior doação foi para Roberto Argenta (PSC), candidato mais rico a concorrer para o cargo de governador no país. Foram R$ 1,9 milhão investidos no postulante, que não avançou para o segundo turno no Rio Grande do Sul.
Salim Mattar
Ex-secretário de Desestatização do governo Bolsonaro e presidente da locadora de carros Localiza, José Salim Mattar Junior, ocupa o terceiro lugar. No total, o empresário gastou um total de R$ 1,8 milhão em 17 candidatos que não foram eleitos.
Suas duas maiores doações, no entanto – R$ 1,8 milhão a Jair Bolsonaro (PL) e R$ 800 mil a Tarcísio de Freitas (Republicanos) – são a candidatos que concorrem no segundo turno.
Entre os que não ganharam em primeiro turno, está Fernando Holiday (Novo), que concorria ao cargo de deputado federal por São Paulo, e recebeu R$ 250 mil do empresário.
Gerdau e pastor
Em quarto lugar está Frederico Carlos Gerdau Johannpeter, vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau. Ao menos R$ 305 mil foram destinados a campanhas de candidatos que não ganharam as eleições.
O advogado, pastor evangélico e palestrante Fabiano Zettel ocupa o quinto lugar na lista de doadores pessoa física. Ele investiu em apenas três candidatos: dois estão disputando o segundo turno, e um não foi eleito.
A maior doação foi endereçada ao presidente Bolsonaro. Foram R$ 3 milhões enviados à campanha de reeleição do mandatário.
A segunda maior doação foi destinada a Tarcísio de Freitas (Republicanos): R$ 2 milhões.
Outros R$ 10 mil foram enviados à campanha de Lucas Gonzalez (Novo), que concorria a deputado federal por Minas Gerais. Ele não foi eleito.
Doação e ética
O cientista político André Felipe Rosa, da Faculdade Mackenzie, aponta que essas doações nem sempre refletem o posicionamento do empresário por trás.
“A relação do político com o doador de campanha, eticamente, deveria ser de apoio a uma agenda de propostas, mas interesses escusos acabam direcionando as doações, em detrimento dos reais interesses republicanos”, aponta.
Rosa pontua, no entanto, que essas doações únicas são uma ferramenta importante e que ultrapassa os limites impostos ao financiamento empresarial.
“Para os cargos proporcionais (Poder Legislativo), essas doações se mostram mais impactantes em relação a campanhas majoritárias. O fenômeno se explica pela baixa visibilidade midiática e de exposição dos candidatos para cargos proporcionais”, afirma.
Veja no Metrópoles as listas de beneficiários das doações
Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil