O Amazonas foi o destaque negativo nos dados divulgados, nesta quarta-feira (30), pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), sobre o desmatamento na Amazônia.
O estado teve o maior aumento estimado, com taxa de 13,1% a mais que em relação ao ano passado.
Atrás apenas do Pará (4.141 km²), o Amazonas (2.607 km²) foi o único a ter aumento no corte raso (foto ) neste ano. O Mato Grosso é o terceiro do ranking (1.906 km²).
“Além da inação do Ibama, o aumento do corte raso no Amazonas é explicado pela expectativa de asfaltamento da BR-319 (Manaus-Porto Velho), rodovia que corta o maior bloco de florestas intactas da Amazônia”, apontou em nota o Observatório do Clima (OC).
A ong lembrou que, em julho, o governo de Jair Bolsonaro (PL) concedeu licença prévia para a obra, atropelando pareceres de técnicos do próprio Ibama.
De acordo com o OC, a tendência atual no Amazonas, caso nada seja feito, é que se repita no eixo da BR-319 a tragédia ocorrida no entorno da BR-163 (Cuiabá-Santarém), no Pará, que se transformou no epicentro do desmatamento no começo do século, após o anúncio de sua pavimentação.
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Dados gerais
Para evitar a divulgação antes da 27ª Conferência do Clima (CPO27), realizada no Egito, o governo Bolsonaro escondeu, desde o dia 3 deste mês, os dados sobre a taxa de desmatamento da Amazônia dos últimos quatro anos, pois eles apontam para um aumento de 59,5% da devastação.
Apesar da queda de 11% este ano em relação a 2021, há 13 anos não era registrada uma taxa tão alta nos nove estados da Amazônia Legal. A média anual sob Bolsonaro foi de 11.396 km², contra 7.145 km² no período anterior (2015-2018).
“Parte dessa redução pode ser explicada por ações de controle de órgãos estaduais de meio ambiente, mas parte também pode ser explicada pelo aumento das chuvas em Mato Grosso e Pará”, comenta Tasso Azevedo, coordenador técnico do OC.
De acordo com o observatório, trata-se da maior alta percentual num mandato presidencial desde o início das medições por satélite, em 1988.
“Bolsonaro superou até mesmo o aumento visto no primeiro governo FHC, quando o forte aquecimento da economia no início do Plano Real causou o maior desmatamento da série histórica, de 29 mil km², em 1995”, diz nota da organização.
“O regime Bolsonaro foi uma máquina de destruir florestas. Pegou o país com uma taxa de 7.500 km² de desmatamento na Amazônia e o está entregando com 11.500 km². A única boa notícia do governo atual é o seu fim”, afirmou Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
Foto: reprodução/Página1news