Uma quadrilha de policiais civis e militares ligada ao PCC foi identificada através de interceptação telefônica.
A identificação que ajudou o Ministério Público de São Paulo ocorreu por meio de investigação sobre um núcleo de presos responsável pelo tráfico de drogas na Penitenciária 2 de São Vicente (SP) e na região do Alto Tietê. A reportagem é de Josmar Jozino do UOL.
Tudo começou em meados de 2020, quando o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado) deu início à Operação Intramuros para apurar o tráfico de drogas planejado e coordenado pelo preso Valdenilson Silva dos Santos, 29, o Saruê, dentro da P-2 de São Vicente.
O telefone celular utilizado por Saruê na prisão foi monitorado com autorização judicial. Segundo o Gaeco, ele era o principal usuário da linha telefônica e, de dentro da cela, controlava o tráfico de drogas em Suzano, Itaquaquecetuba e outras regiões do Alto Tietê, na Grande São Paulo.
Foram interceptadas várias conversas entre Saruê, o sócio e cunhado dele, Jerônimo da Silva Menger, 48, o Bicudo, ambos integrantes do PCC, e outras nove pessoas nas ruas acusadas de integrar a quadrilha envolvida com a venda de entorpecentes e lavagem de dinheiro.
Com o avanço das investigações, o Gaeco de São Vicente interceptou diálogos de Saruê com um gerente dos pontos de vendas de drogas dele, chamado até então de Will. Os diálogos apontaram que Will pagava propina aos policiais da região de Suzano para poder traficar sem ser incomodado.
O Gaeco de Guarulhos, cuja área de atuação abrange as cidades do Alto Tietê, foi comunicado por promotores de Justiça de São Vicente sobre o possível envolvimento de policiais da região com traficantes ligados ao PCC e instaurou procedimento investigatório criminal para apurar o caso.
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Policiais presos
Em outros diálogos mantidos em novembro de 2020, Will revela para um comparsa que paga periodicamente propina a policiais para poder explorar o tráfico.
Na conversa de 14 de novembro ele diz que tinha pago R$ 1.100 e que à noite daria mais R$ 1.900.
O Gaeco de Guarulhos apurou que os pagamentos eram feitos para dois informantes (gansos) e intermediários dos policiais identificados como João Felipe dos Santos, 36, o Chico, e Júlio César dos Santos Vilela, 48, conhecido como Gordo ou Bola. Eles acabaram presos.
As investigações prosseguiram até outubro deste ano, quando o juiz Fernando de Oliveira Camargo, da 1ª Vara Criminal de Suzano, decretou a prisão de quatro policiais civis e dois policiais militares, acusados de integrar a organização criminosa.
Leia mais na coluna de Josmar Jozino no UOL
Foto: Reprodução/Gaeco