Brasil joga duro com Israel e cobra respeito a acordos com Palestina

Governo Lula, ao contrário do de Bolsonaro, se posiciona diante de fato em Jerusalém

Publicado em: 03/01/2023 às 18:48 | Atualizado em: 03/01/2023 às 19:19

Em um comunicado emitido pelo governo Lula da Silva (PT), o Itamaraty sinaliza uma mudança profunda na postura do Brasil diante dos conflitos entre Israel e Palestina e inaugura de fato uma nova política externa. A análise é de Jamil Chade, colunista do UOL.

O gesto rompe com a orientação de Jair Bolsonaro (PL) para o Oriente Médio e recupera uma postura tradicional brasileira na região.

Na declaração, a chancelaria brasileira indica que o país “acompanhou com grande preocupação a incursão do Ministro de Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, na Esplanada das Mesquitas (“Haram-El-Sharif”), em Jerusalém, na manhã de hoje, 03/01″.

O incidente gerou protestos por parte de grupos árabes em todo o mundo, reabrindo o debate sobre a situação dos palestinos na região.

“O Brasil reitera o seu compromisso com a solução de dois Estados, com Palestina e Israel convivendo em paz, em segurança e dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas”, diz nota do Itamaraty.

O primeiro comunicado do governo Lula sobre o assunto confirma a expectativa de países árabes de que o novo Itamaraty abandonaria a postura adotada durante os quatro anos de Jair Bolsonaro.

Com Bolsonaro, o Brasil evitou criticar Israel, ensaiou a mudança da embaixada de Tel Aviv para Jerusalem, abriu canais inéditos com a extrema direita israelense e ainda passou a votar contra várias das resoluções árabes na ONU.

Em sua posse, na segunda-feira, o chanceler Mauro Vieira também indicou que o Brasil retornaria a uma postura mais “equilibrada e tradicional” na questão envolvendo Israel e Palestina.

Durante o governo Bolsonaro, os gestos de Brasília chegaram a levar países árabes a avaliar um boicote contra produtos nacionais, o que não acabou ocorrendo.

Em certas votações na ONU, o Brasil foi um dos únicos no mundo a ficar ao lado de Israel.

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Foto: Clauber Caetano/Presidência da República