CNJ afasta e abre dois processos contra juíza bolsonarista

A magistrada é investigada por ataques ao Poder Judiciário em postagens em redes sociais e por se recusar a voltar ao trabalho presencial mesmo sem autorização. 

Diamantino Junior

Publicado em: 15/02/2023 às 12:54 | Atualizado em: 15/02/2023 às 12:54

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) afastou a juíza Ludmila Lins Grilo, magistrada da Vara de Infância e Juventude da comarca de Unaí, região Noroeste de Minas, e abriu dois processos disciplinares contra a magistrada mineira. 

A magistrada é investigada por ataques ao Poder Judiciário em postagens em redes sociais e por se recusar a voltar ao trabalho presencial mesmo sem autorização. 

Em 2021, após a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) ter condenado um discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no dia 7 de setembro, a juíza Ludmila Lins respondeu à postagem da associação criticando o ministro Alexandre de Moraes.

“Ato autoritário é juiz abrir inquérito e figurar como vítima, investigador e julgador ao mesmo tempo. Como associada, aguardo manifestação da AMB sobre isso”, escreveu a magistrada. 

A juíza tinha mais de 300 mil seguidores nas redes sociais e teve suas contas suspensas. 

Ao votar pelo afastamento de Ludmila Lins, o relator do caso no CNJ, ministro Luis Felipe Salomão disse que ela não cumpre deveres básicos, deixando de comparecer ao fórum mesmo sem ter autorização para realizar teletrabalho, negligenciando a gestão do cartório e deixando de fiscalizar os atos de subordinados. Ele também citou postagens feitas nas redes para defender a abertura de investigação. 

Por unanimidade, todos os 15 integrantes do CNJ decidiram pelo afastamento e abertura de investigação. Diante da gravidade das denúncias, a presidente do CNJ, Ministra Cármen Lúcia, pediu serenidade e isenção na apuração dos fatos.

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A juíza Ludmila Lins Grilo justificou a ausência ao trabalho presencial a questões de segurança pessoal alegando que recebeu ameaças de morte, mas recusou escolta policial por achar que a medida não resolveria o problema. Ela também afirmou que é alvo de “assassinato de reputação” promovida pelo CNJ e pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

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Foto: redes sociais