Alckmin na feira do MST gera polêmica e afasta bancada ruralista
Segundo a oposição ruralista, o gesto amplia o distanciamento e levanta questionamentos sobre o envolvimento do governo com as invasões de terras.

Publicado em: 14/05/2023 às 10:56 | Atualizado em: 14/05/2023 às 10:58
A presença do vice-presidente Geraldo Alckmin e ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na feira nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) causou desconforto entre os integrantes da bancada ruralista no Congresso.
Segundo a matéria de Daniel Weterman, publicado no portal do Estadão, o gesto do governo em prestigiar o evento do MST, enquanto ocorrem invasões de terras no país, agravou ainda mais o distanciamento entre as partes.
O deputado Evair de Melo (PP-ES), vice-presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio na Câmara, já menciona a possibilidade de rompimento.
Segundo ele, o governo abandonou o diálogo com o setor agropecuário, e a foto de Alckmin ao lado do coordenador do MST, João Pedro Stédile, durante o evento, seria uma evidência do envolvimento do governo nas invasões de terras.
Somente durante o chamado ‘Abril Vermelho’, o movimento invadiu pelo menos 13 fazendas.
Além de Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, outros membros do primeiro escalão do governo tornaram-se destaques do evento do MST.
O texto afirma que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tornou-se garoto propaganda de um pacote de fubá, e o secretário executivo da pasta e indicado de Lula para o Banco Central, Gabriel Galípolo, visitou o local.
Também marcaram presença na feira os ministros Luiz Marinho (Trabalho) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).
Essa aproximação do governo com o MST acontece em um momento em que o Congresso está prestes a instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as invasões do movimento.
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Parlamentares da oposição, incluindo membros da bancada ruralista, prometem apontar a responsabilidade do governo nos atos ilegais.
A bancada do agronegócio acumula uma série de desentendimentos com o governo, incluindo as invasões promovidas pelo MST, críticas à Agrishow – a maior feira do setor no país – e discursos do próprio presidente.
Recentemente, Lula mencionou a Agrishow e mencionou que “alguns fascistas de São Paulo” não queriam a presença do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, no evento.
Os ruralistas também não estão satisfeitos com a presença de Stédile na comitiva de Lula na China e com a integração do MST ao Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável.
Na tentativa de amenizar a crise, Carlos Fávaro, que afirmou ter sido “desconvidado” da Agrishow, reuniu-se com os parlamentares da bancada ruralista na semana passada e prometeu um aporte de R$ 200 milhões do Orçamento da União para fortalecer o Plano Safra, principal linha de financiamento do setor, ainda este ano, e reduzir o impacto da taxa de juros no programa.
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil