Bodó, a paixão municipal

Além de feio, o pitiú (o cheiro) do bodó é forte e singular

Dassuem Nogueira, especial para o BNC Amazonas

Publicado em: 28/06/2023 às 14:44 | Atualizado em: 28/06/2023 às 17:33

O bodó é um peixe cascudo de notável feiúra. Não parece contraditório que uma cidade que faz seu nome sobre seu preciosismo estético seja tão apaixonada por um peixe tão feio?

Além de feio, o pitiú (o cheiro) do bodó é forte e singular. Difícil de eliminá-lo das mãos, rapidamente denuncia quem o comeu.

Bodó não se come com garfo. É preciso usar as mãos para tirar a casca e acessar sua carne.

Também não se vende em restaurantes. É coisa para comer em casa.

Concorrendo com o tambaqui, o namoradinho do Amazonas, e com a matrinxã, a picanha dos rios, o feio e mal falado bodó é item oficial do festival de Parintins.

Ídolo acessível, é fácil encontrá-lo assado nas esquinas, pronto para comê-lo com um saquinho de farinha.

Acusado de comer lama, informo que a substância encontrada em suas entranhas são algas. Politicamente exemplar, o bodó é vegano.

Bom para a saúde, o bodó tem carne magra e é impossível de comê-lo frito. Assim, também é aliado da saúde de qualquer coração.

Feio, pitiú, difícil de comer, o bodó é inimigo da vida corrida da capital.

Em sua defesa, sempre dizem: “Feio, mas gostoso”.

E que gosto tem essa iguaria? Da boa vida de quem pode sentar-se para comê-lo, rodeado dos seus.

Bodó tem gosto de encontro de família em Parintins.

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Foto: Dassuem Nogueira/especial para o BNC Amazonas