Crimes ambientais de desmatamento e queimada em florestas no interior do Amazonas estão sendo combatidos com operações da Polícia Federal (PF ) a partir de bases itinerantes.
Neste momento, um dos alvos principais são os municípios da região metropolitana de Manaus, sobretudo Autazes e Careiro Castanho.
Conforme o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), esses municípios lideram hoje (11) os focos de calor, geralmente provocados por incêndios nas matas. Como, por exemplo, ocorreu na comunidade de Novo Céu, em Autazes, desde a noite desta terça.
Dois homens foram presos pela Polícia Federal na manhã de hoje em Iranduba, na região metropolitana de Manaus. Eles foram flagrados em atitude criminosa de atear fogo na vegetação. Além disso, segundo a polícia, eles retiravam madeira da floresta de forma clandestina.
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Ação na tríplice fronteira
Ao mesmo tempo em que combate os crimes ambientais, a Polícia Federal no Amazonas realiza a operação Amazônia com a Polícia Nacional do Peru na tríplice fronteira com a Colômbia.
São 60 policiais federais e 40 policiais peruanos participando da operação que é permanente.
Conforme a polícia brasileira, a operação que começou neste dia 2 destruiu dois laboratórios de produção de cocaína e impediu a produção de 1,5 tonelada da droga. Além disso, apreendeu 680 quilos de pasta-base de cocaína.
Queimadas ao longo da BR-319
Em setembro, o Amazonas atingiu uma marca recorde de queimadas, estendendo-se por uma área significativa ao longo da BR-319, ligando Manaus a Porto Velho, bem como suas estradas secundárias, conhecidas como ramais.
Aumento alarmante na área queimada
Dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) indicam que o estado do Amazonas registrou um recorde de 10.506 km² de área queimada até o final de setembro de 2023. Esta estatística representa um aumento notável em comparação com anos anteriores, e essa alta reflete também na Amazônia Legal, com um aumento de aproximadamente 5% em relação a 2022.
Zona de atenção
Este ano, as queimadas se intensificaram ao longo da BR-319 e seus ramais, que atravessam uma região repleta de áreas protegidas. Isso levou a aproximadamente 1.842 focos de calor detectados até o final de setembro, representando cerca de 13% do total no estado. Embora o número de focos ao longo da rodovia tenha diminuído em comparação com o ano passado, houve um aumento significativo nos ramais ligados à BR-319, onde foram registrados 1.753 focos de calor, em comparação com 805 no ano anterior.
Ameaça àt Terras indígenas e unidades de conservação
Esses ramais afetados pelas queimadas passam por 35 terras indígenas e 24 unidades de conservação, resultando em uma ameaça significativa a essas áreas sensíveis. Um dos registros mais alarmantes ocorreu na AM-254, que corta os municípios de Careiro, Autazes e Nova Olinda do Norte, e acumulou 873 focos de calor em 2023, afetando as terras habitadas pelos povos Munduruku, Mura e Sateré-Mawé, bem como seis unidades de conservação.
Desmatamento e pavimentação de estradas
A pavimentação da BR-319, conhecida como o “Trecho do Meio,” também preocupa especialistas, visto que a devastação aumentou consideravelmente, apesar de ainda não ter recebido a licença de operação. Nesse trecho, desmatamento, abertura de pastos e garimpo avançam em paralelo.
Populações locais
Para garantir que as populações locais e tradicionais sejam ouvidas, foram criados protocolos de consulta nessas áreas, conforme o estabelecido na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que exige que as populações afetadas sejam consultadas antes de qualquer empreendimento que possa impactar seus modos de vida.
Degradação
Além do desmatamento, a degradação florestal tem favorecido a propagação de incêndios durante os períodos secos. No entanto, é importante destacar que a alta nos incêndios está intrinsecamente relacionada ao aumento das atividades de desmatamento. Isso torna essencial o combate às práticas ilegais que desencadeiam incêndios devastadores na região.
Foto: divulgação PF