A empresa Yamaha, do polo de duas rodas da ZFM (Zona Franca de Manaus ), negou que vá conceder férias coletivas aos trabalhadores, conforme informou o sindicato de metalúrgicos nesta terça-feira (17/10).
Contudo, a empresa japonesa, em nota ao BNC Amazonas , admite que está fazendo “paradas pontuais” na produção, conforme a disponibilidade de insumos.
Com a seca severa dos rios do Amazonas, o transporte de insumos para o polo industrial da ZFM pelos navios cargueiros ficou prejudicado.
Igualmente, o escoamento de produtos.
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Falta de insumos no polo
A histórica seca no Amazonas está ameaçando parar as fábricas da Zona Franca de Manaus (ZFM), que concentram a produção de eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos e motocicletas no Brasil. A piora nas condições de transporte de cargas pelo rio Amazonas e seus afluentes nos últimos dias está causando atrasos na entrega de materiais, resultando em um acúmulo de produtos acabados nos estoques das fábricas.
Até agora, as fábricas conseguiram administrar a situação com ajustes na produção, evitando a paralisação completa das linhas. No entanto, com o estresse logístico se aproximando do limite e sem perspectiva de normalização da navegabilidade a curto prazo, algumas empresas estão considerando a adoção de férias coletivas nos próximos dias.
Tanto a Eletros, a associação que representa fabricantes de eletrodomésticos, quanto o sindicato dos metalúrgicos da região confirmaram que informações sobre a possível paralisação foram recebidas. As maiores embarcações não conseguem mais acessar o porto de Manaus devido à redução do nível da água em trechos críticos. A alternativa é transportar as cargas por balsas entre Manaus e o porto Vila do Conde, no Pará, onde os navios estão transferindo a carga.
As balsas podem passar por trechos com profundidade inferior a 2 metros, em comparação com os 8 metros necessários para os navios. No entanto, as balsas transportam apenas 10% da carga de um navio e não conseguem desenvolver muita velocidade devido às restrições atuais de navegabilidade, o que aumenta o tempo de transporte.
As soluções alternativas também estão acarretando custos adicionais, incluindo despesas com armazenagem e transferências imprevistas de contêineres, o que elevou o custo de frete na região em 25% a 50%, dependendo do contrato.
As fábricas estão enfrentando dificuldades para receber insumos e também precisam equilibrar os estoques, que estão aumentando em seus pátios devido à irregularidade no despacho de mercadorias. No momento, o risco de escassez de produtos durante a Black Friday, no final de novembro, está descartado, mas o rio precisa subir novamente para garantir a normalidade das entregas de Natal, que começam no final deste mês.
A seca em 2023, agravada pelo El Niño, superou as expectativas e pode ser a maior da história, afetando uma área ainda maior e prolongando-se até o final do primeiro semestre de 2024. Operadores logísticos não têm previsão de quando os grandes navios poderão entrar em Manaus novamente.
Foto: José Paulo Lacerda