O Brasil enfrentou em 2023 um aumento alarmante no número de decretos de situação de emergência e estado de calamidade pública, atingindo o maior índice em uma década devido ao agravamento das mudanças climáticas. Mesmo com a seca histórica, a Amazônia não consta nesta lista.
Nordeste e Sul foram as regiões mais impactadas por eventos extremos, com Rio Grande do Sul e Bahia liderando a lista dos estados que tiveram que recorrer a essas medidas, segundo dados do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.
A situação de emergência é declarada quando há uma anomalia causada por desastres, enquanto o estado de calamidade é reservado para situações de maior gravidade, quando a capacidade de resposta do poder público é severamente comprometida.
Embora o país tenha registrado seu pico em 2013 com 3.040 casos, houve uma queda nos anos seguintes, com exceção de 2017, até 2019, quando foram contabilizadas 679 ocorrências.
A partir desse ponto, os números voltaram a subir. Vale ressaltar que os dados do ministério não incluem as enchentes recentes no Acre, evidenciando a constante volatilidade do clima.
O biólogo Rafael Freire explica que o aumento dos eventos climáticos extremos está ligado à influência da umidade oceânica e ao aumento da temperatura do solo, resultado do desmatamento. Esses fatores afetam a umidade do ar e intensificam os extremos de chuva e aridez.
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Na Bahia, as chuvas intensas em fevereiro afetaram mais de 5 mil pessoas, enquanto no Rio Grande do Sul, fortes chuvas desde 2023 resultaram em desabrigados e mortes.
A expansão da agropecuária, contribuindo para o desmatamento, agravou ainda mais a situação, com rios transbordando e causando danos às moradias.
No período de uma década, algumas cidades como Bom Jesus (RS) e São Domingos (GO) lideraram em número de decretos.
O físico Paulo Artaxo destaca que os eventos climáticos extremos afetam principalmente os mais pobres, alertando para o aumento da frequência e intensidade desses eventos.
O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional informou que a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil coordena ações para reduzir riscos de desastres, abrangendo preparação, resposta e recuperação em níveis federal, estadual e municipal.
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Foto: Ronaldo Siqueira/especial para o BNC Amazonas