Defensoria abre estágio a falantes de sateré-mawé no Amazonas
Com defensores ao lado, candidatos participaram de uma simulação de atendimento a cidadão

Publicado em: 26/03/2024 às 17:17 | Atualizado em: 26/03/2024 às 17:18
A Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM) selecionou no município de Maués estagiários falantes da língua sateré-mawé.
Com defensores ao lado, candidatos participaram de uma simulação de atendimento a cidadão.
Conforme a defensora Daniele Fernandes, essa experiência, de conhecer de perto as demandas e peculiaridades dos indígenas, foi vivida no polo da DPE no alto rio Negro, em São Gabriel da Cachoeira.
“O polo conta com estagiários que falam diversas línguas indígenas porque lá a demanda dos assistidos indígenas é muito grande”.
Segundo Daniela, igual cenário encontrou em Maués, especialmente com os indígenas saterés-mawés.
“Começamos a presenciar uma procura massiva do povo sateré-mawé aqui para o nosso polo. Passamos a ter atendimentos diários de falantes da língua sateré”.
Dessa forma, a dificuldade de comunicação logo se sobressaiu porque a maioria da população indígena só fala mesmo o sateré. E não havia ninguém na defensoria para fazer a tradução para o português.
Daí a opção por contratar estagiários fluentes em sateré, segundo a defensora.
Para o coordenador da Funai em Maués, Artur Batista, há 37 anos no órgão, “ter uma pessoa bilíngue é importante em todas as instituições. Já pensou em um advogado bilíngue? Um médico bilíngue? Um enfermeiro bilíngue? É um sonho que sempre tive, que nossos parentes tenham acesso a todos os direitos que um cidadão brasileiro possui”.
O universitário Djalma Santana, de 38 anos, participou da seleção e se sentiu feliz com a oportunidade. “É a primeira vez que vejo uma iniciativa como essa e fico satisfeito com isso”.
Ele é da etnia sateré-mawé e aprendeu a falar português ao se mudar para a sede de Maués, aos 15 anos, para estudar.
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Foto: Allan Leão/DPE/Secom