Lideranças indígenas de Roraima que foram ao Acampamento Terra Livre (ATL), levaram as discussões em Brasília assuntos como garimpo ilegal nos territórios, demarcação de terras e direitos de migrantes indígenas venezuelanos que vivem no Brasil.
A maior mobilização indígena do país se encerra nesta sexta-feira (26) após quatro dias na capital federal.
Este ano, o ATL completou 20 anos e reuniu povos indígenas de todo o país. A defesa do direito à terra, exigência por novas demarcações e o fim da tese anti-indígena do Marco Temporal fizeram parte das principais discussões. Ao menos duas comitivas de Roraima foram ao ato:
Uma liderada pelo Conselho Indígena de Roraima, com cerca de 60 pessoas, entre coordenadores e tuxauas das regiões da Raposa Serra do Sol, Tabaio, Surumu, Alto Cauamé, Murupú, Amajari, Serra da Lua, Wai-Wai, Yanomami e Baixo Cotingo;
E outra, organizada pela Cáritas Brasileira, com três lideranças representantes das comunidades Tarau Paru, Sakaomota e Warao Ajanoko, onde vivem indígenas venezuelanos.
Roraima é o estado com a maior proporção de indígenas do país e a quinta maior em números absolutos . São 97.320 pessoas autodeclaradas indígenas, o que corresponde a 15,2% do total de 636.707 moradores do estado , conforme os dados mais recentes do Censo Demográfico 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2023.
“A gente é contra qualquer garimpo, seja na terra indígena, no entorno da terra indígena, segundo que isso é crime. Então, não podemos compactuar com o garimpo que está matando nosso povo, contaminando nossos rios, nosso peixe, nossa águia, destruindo floresta, acabando com os povos Yanomami. Por isso que a gente leva [para as mobilizações] e vamos ficar denunciando e lutando para fechar todo e qualquer garimpo”, disse o coordenador do CIR, Edinho Batista.
Indígenas venezuelanos
Durante esses dias, migrantes indígenas que vivem em comunidades na região de fronteira do Brasil com a Venezuela também também participaram das atividades do ATL. Em uma delas, se reuniram com a ministra dos Povos Indígena, Sônia Guajajara e entregaram uma carta destacando a necessidade de reforçar a atenção do governo federal junto aos povos originários da Venezuela que estão no Brasil.
“Entreguei a carta da minha comunidade Warao Ajanoko nas mãos da Ministra Sônia Guajajara com a expectativa de que nos dê uma resposta positiva sobre as demandas que apresentamos na carta. Dentre elas, que a nossa comunidade seja reconhecida como comunidade brasileira, para que tenhamos todos os benefícios enquanto indígenas que somos e ter o reconhecimento da Funai [Fundação Nacional dos Povos Indígenas]”, comentou Diolimar Tempo, vice-presidenta da comunidade.
O documento entregue à ministra foi assinado pelas lideranças de Tarau Paru e Sakaomota, localizadas na Terra Indígena São Marcos, em Pacaraima; e da comunidade Warao Ajonoko, no município de Cantá. Essas comunidades somam uma população de ao menos 1,5 mil pessoas, entre brasileiras e venezuelanas.
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Foto: CIR/Divulgação