Marina avisa: vai exigir bem mais que estudo do Ibama para BR-319 sair

Ministra afirmou que o modelo รฉ parecido com o que estรก sendo cobrado para o petrรณleo da foz do rio Amazonas

Mariane Veiga

Publicado em: 23/05/2024 ร s 17:55 | Atualizado em: 23/05/2024 ร s 18:31

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), disse, em entrevista ร  CNN, que pretende estender o modelo de licenciamento ambiental da exploraรงรฃo de petrรณleo na Foz do Amazonas para o projeto da BR-319.

O asfaltamento da rodovia, entre Porto Velho e Manaus, tido pelos ambientalistas como perigoso estรญmulo ao desmatamento ilegal, รฉ uma das obras mais delicadas do Novo PAC.

Dessa forma, a ministra deixou claro que defenderรก a exigรชncia de uma โ€œAvaliaรงรฃo Ambiental Estratรฉgicaโ€ para levar adiante o licenciamento da BR-319.

Isso significa que o impacto da obra precisaria ser analisado de forma mais ampla, considerando nรฃo sรณ sua influรชncia direta nos trechos por onde passa a rodovia, mas tambรฉm para os planos do governo como um todo para a Amazรดnia.

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Segundo a reportagem da CNN, hรก, no entanto, uma consequรชncia prรกtica para os planos do governo com essa abordagem: muito dificilmente a obra teria como ser licenciada, licitada e iniciada ainda no atual mandato de Lula da Silva (PT).

Trata-se da mesma exigรชncia feita pelo Ibama no pedido de licenรงa da Petrobras para perfuraรงรฃo de um poรงo no bloco FZA-M-59, na bacia da Foz do Amazonas, em regiรฃo vista como nova fronteira do petrรณleo.

Ao negar a licenรงa, no ano passado, o Ibama citou, entre outras justificativas, a necessidade de uma Avaliaรงรฃo Ambiental de รrea Sedimentar (AAAS) que englobasse as demais bacias da chamada margem equatorial.

No caso de obras em terra, a Avaliaรงรฃo Ambiental Estratรฉgica tem as mesmas caracterรญsticas da AAAS para exploraรงรตes petrolรญferas.

Sรฃo levantamentos bem mais abrangentes do que os estudos de impacto ambiental (EIA-Rima) normalmente exigidos pelo Ibama.

โ€œO problema รฉ o mioloโ€, disse Marina, referindo-se ao trecho central da BR-319, com cerca de 400 quilรดmetros de extensรฃo e intrafegรกvel hรก dรฉcadas.

โ€œAli รฉ tรญpico e caracterรญstico de uma Avaliaรงรฃo Ambiental Estratรฉgica. Vocรช nรฃo vai fazer a licenรงa olhando sรณ o empreendimento. Tem que ver toda a รกrea de abrangรชncia: como isso vai repercutir nas terras indรญgenas, em desmatamentoโ€ฆ Qual รฉ a capacidade de essa estrada dar resposta a determinados problemasโ€, afirmou a ministra.

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Foto: Geraldo Magela/ Agรชncia Senado