UEA: estudo aponta má qualidade da água que chega à casa do parintinense

Relatório apresentou questões preocupantes sobre saneamento e preservação ambiental.

UEA: estudo aponta má qualidade da água que chega à casa do parintinense

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 10/06/2024 às 19:15 | Atualizado em: 10/06/2024 às 19:16

Uma equipe de pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), por meio do mestrado profissional em rede de recursos hídricos, identificou a contaminação de poços de onde sai a água fornecida às casas dos moradores de Parintins (a 369 quilômetros de Manaus).

Conforme relatório do estudo físico-química, foi constatada a presença de uma quantidade de alumínio acima do permitido para o consumo humano.

Além disso, a pesquisa alonta valores de amônia e nitrato preocupantes para a saúde da população.

Os problemas de fornecimento de água na cidade ocorrem desde 2005, portanto, há quase vinte anos.

Os resultados levantaram um alerta, pois estes parâmetros são indicadores de contaminação recente por esgotos domésticos.

A presença de nitrogênio nas águas resulta em uma questão ambiental complexa, tendo em vista que estes compostos acarretam no aparecimento de doenças relacionadas à saúde ambiental como, por exemplo, a metemoglobinemia, que oferece risco, principalmente, a crianças menores de 2 anos devido à capacidade do composto a base de nitrogênio se ligar fortemente à hemoglobina do sangue.

Leia mais

Cosama e FVS comprovam: água fornecida em Parintins é contaminada

Cloro preocupa

Nas análises não foi encontrada a presença de cloro livre, elemento essencial para garantir a segurança microbiológica, eliminando bactérias nocivas e prevenindo doenças transmitidas pela água.

Em todas as amostras, o valor encontrado foi de 0,0, o que está em desacordo com a legislação.

Dessa forma, o sistema está susceptível à presença de coliformes fecais e à proliferação de microrganismos na rede de abastecimento.

Para o reitor da UEA, André Luiz Zogahib, as pesquisas são um marco importante para a saúde da população de Parintins e para a preservação dos recursos hídricos da região amazônica.

Esse trabalho vem sendo realizado desde 2018. E é fundamental que os grupos de pesquisa da UEA continuem unindo seus esforços para garantir a resolução desse problema, trazendo, de forma permanente, uma água digna para o povo parintinense, reforçou.

Leia mais

ALE-AM faz audiência em Parintins sobre água ruim fornecida à população

Quase 100% de contaminação

Em relatório realizado pela Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama) e Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), foram apresentados sinais de alerta em relação aos poços subterrâneos administrados pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Parintins (Saae), confirmando os estudos feitos pela equipe UEA.

Foi identificada a contaminação de 22 dos 26 poços responsáveis pelo abastecimento do município.

Diversos poluentes, como, por exemplo, amônia, manganês, ferro, nitrato e alumínio, além da presença de coliformes totais e fecais, o que demonstra a inadequação da água para a população com base na portaria 5/2017, do Ministério da Saúde.

José Camilo, coordenador do mestrado e um dos pesquisadores da equipe, disse que está sendo realizado um trabalho de acompanhamento com o Saae.

“Temos feito um trabalho de monitoramento que corresponde, inclusive, à coloração para limpeza na questão microbiológica. E nós, recentemente, assinamos um convênio com o Saae. Daqui para frente iremos fazer todo o acompanhamento junto ao Saae pra que a gente possa, inclusive, ir reduzindo a problemática existente”.

Leia mais

Governador estende a mão para resolver abastecimento de água em Parintins

Resolução

Em audiência pública realizada com a Cosama, o Programa de Saneamento Integrado de Parintins (Prosai) e o Ministério Público (MP-AM), a equipe do mestrado da UEA sugeriu, como solução imediata, a construção de uma estação de tratamento para que a água recebida pela cidade fosse retirada do rio Amazonas, recebendo tratamento adequado.

A água subterrânea é água de reserva. É necessário fazer perfurações em lugares adequados por meio de estudos e, inclusive, de acompanhamento da CPRM. Isso nós já orientamos. São pelo menos três poços que seriam poços de reservas até que seja construída a estação. conforme Camilo.

Foto: divulgação