Cinco policiais do Amazonas são presos por tráfico de drogas; três foragidos

Foragidos terão seus nomes inseridos na lista de procurados da Interpol

Publicado em: 14/06/2024 às 15:17 | Atualizado em: 14/06/2024 às 15:39

Cinco policiais militares foram presos por tráfico de drogas, na manhã desta sexta-feira (14) em Manaus.

A operação foi comandada pela Promotoria Especializada no Controle Externo da Atividade Policial (Proceap) do Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM).

O grupo preso será conduzido ao Centro de Detenção da Polícia Militar após serem ouvidos.

As prisões são resultados do cumprimento de oito mandados de prisão preventiva e oito de busca e apreensão, por envolvimento com o tráfico de drogas.

Dos cinco PMs presos, um se entregou na sede do MP-AM, minutos antes da coletiva de imprensa, na manhã desta sexta-feira. Outros três policiais militares estão foragidos. Os nomes deles e fotos serão encaminhados à Interpol.

A operação teve origem em uma denúncia encaminhada ao MP-AM, via disque-denúncia 181, de uma grande quantidade de drogas, sendo manuseada por policiais militares na rua Ana Nogueira, no bairro Educandos, Zona Sul de Manaus.

Por meio de diligências, inclusive imagens de um sistema de segurança comunitário, e cruzamento de dados, a investigação chegou aos oito PMs envolvidos no crime. Do total, quatro são do Batalhão de Policiamento de Trânsito e outros quatro da 2ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), entre cabos, sargentos e um tenente do quadro administrativo.

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Crime foi praticado em viaturas da polícia

O promotor de Justiça Armando Gurgel Maia afirmou, com base no material reunido, que os policiais se dirigiram àquela localidade, no dia 17 de maio, e começaram a abastecer uma viatura da Polícia Militar, que estava a serviço do Instituto de Ensino de Segurança Pública.

De acordo com ele “foram colocados 16 sacos brancos de fibra, com capacidade para 50 quilos, dentro desse veículo oficial e um outro saco foi colocado em uma viatura da 2º Cicom, juntamente com uma mochila vermelha”.

Em seguida, “apuramos que houve um registro dos policiais na 2ª Cicom de que estavam fazendo patrulhamento ostensivo naquele lugar e encontraram quatro indivíduos — um deles portando esse saco de fibra desse mesmo tipo — e eles, ao verem a viatura, empreenderam fuga”.

Além disso, o promotor explicou que o saco foi levado ao 1º Distrito Policial, foi identificado após perícia três tabletes de maconha prensada.

Nessa mesma data, segundo Gurgel, a Rocam recebeu um boletim de ocorrência de que, naquele local, também havia ocorrido a presença de policiais na posse de grande quantidade de drogas.

Após deslocamento até o endereço, porém, não foram encontrados os policiais ou qualquer quantidade de entorpecente. No entanto, foram “nos becos, encontraram uma casa vazia, apenas com uma prensa hidráulica, três caixas de armas de fogo e droga (cocaína e maconha)”.

“Diante desses fatos, verificamos os vídeos e foi possível ver que não havia nenhuma situação como a descrita no primeiro boletim de ocorrência, com quatro indivíduos abandonando uma sacola. Na verdade, o que existia eram 17 sacolas com drogas, sendo 16 colocadas em uma viatura e uma em outra — sendo essa única utilizada para fazer esse falso registro como história de ‘cobertura’”, disse o promotor.

Durante o cumprimento dos mandados, foram apreendidas pistolas e munições, que serão periciadas. Se forem da corporação, serão devolvidas à PM, caso contrário permanecerão sob custódia.

Expulsão dos PMs

De acordo com o coronel Nilo Corrêa, diretor do Departamento de Justiça e Disciplina (DJD) da Polícia Militar do Estado do Amazonas (PMAM), será investigada a responsabilidade administrativa desses policiais, em relação à questão disciplinar.

“Sendo comprovados estes crimes, isso pode culminar com a exclusão dos quadros da PMAM”, explicou o coronel.

Com três PMs ainda foragidos, a operação Audácia aguarda resultados de outras buscas e demais diligências para concluir a denúncia, inclusive determinando se os oito PMs estavam traficando ou se tratava-se de “arrocho”, isto é, de droga apreendida de outro traficante.

Foto: Hirailton Gomes/MP