Amazonas: achados ossos do maior jacaré da Amazônia na seca do rio Purus
Descoberta arqueolĂ³gica do fĂ³ssil Ă© de ribeirinho a caminho de Boca do Acre.

Da RedaĂ§Ă£o do BNC Amazonas
Publicado em: 07/09/2024 Ă s 08:59 | Atualizado em: 07/09/2024 Ă s 08:59
A seca do rio Purus, trouxe Ă mostra pedaço das vĂ©rtebras de um Purussaurus, o maior jacarĂ© que pisou no planeta e viveu na AmazĂ´nia hĂ¡ mais de 10 milhões de anos.
Dessa forma, o ribeirinho Grimar nascimento encontrou ossos do animal Ă s margens do rio Purus, no sul do Amazonas.
Conforme reportagem de NĂ¡dia Pontes, Uol, Gerimar viu do seu barco os ossos durante um trajeto corriqueiro que percorre sempre quando vai para Boca do Acre, cidade mais prĂ³xima.
“Eu vi aquela parte de osso e sabia que nĂ£o era do nosso tempo”, conta Geri, como Ă© conhecido na regiĂ£o.
Segundo a publicaĂ§Ă£o, no quintal de sua casa, ele acompanha atentamente a explicaĂ§Ă£o de tudo o que a ciĂªncia feita na AmazĂ´nia jĂ¡ registrou sobre aquela espĂ©cie.
Assim, quem relata as descobertas cientĂficas Ă© Carlos D’ApĂ³lito, professor do Centro de CiĂªncias BiolĂ³gicas e da Natureza da Universidade Federal do Acre (UFAC).
Ele fez questĂ£o de ir atĂ© a comunidade resgatar o fĂ³ssil e compartilhar o conhecimento.
“SĂ£o trĂªs vĂ©rtebras articuladas. NĂ£o Ă© comum achĂ¡-las assim, uma do lado da outra”, diz D’ApĂ³lito sob o pĂ© carregado de limĂ£o. “Isso pode ajudar a ciĂªncia a entender melhor a anatomia da espĂ©cie, entender em que parte da coluna vertebral ela estaria”, continua.
Como resultado, dali, a peça serĂ¡ transportada atĂ© o LaboratĂ³rio de Pesquisas PaleontolĂ³gicas da UFAC, em Rio Branco. Na universidade, serĂ¡ estudada minuciosamente e pode ajudar no avanço do conhecimento.
AlĂ©m disso, o nome de Geri agora vai aparecer junto com aquela parte do Purussaurus. Esse Ă© um dos raros casos em que a identidade de quem localizou um fĂ³ssil Ă© conhecida e documentada, diz o pesquisador.
“Existe uma parcela do trabalho de campo que acaba sendo feito por pessoas que nĂ£o sĂ£o formalmente paleontĂ³logos, que ficam como invisĂveis, e que, Ă s vezes, nĂ£o aparecem nem nos agradecimentos”, afirma D’ApĂ³lito.
Agora, feliz com o reconhecimento e especialista na navegaĂ§Ă£o daquele trecho do Purus, Geri diz ter certeza de que hĂ¡ mais para ser revelado de onde ele retirou aquelas vĂ©rtebras.
Seca
Ainda de acordo com a reportagem, a temporada seca na AmazĂ´nia Ă© a Ă©poca em que os paleontĂ³logos deixam os laboratĂ³rios. Com isso eles saem para a coleta com boas chances de localizarem fĂ³sseis nas margens expostas.
Sobretudo, o nĂvel do Purus nesta temporada estĂ¡ bem abaixo da mĂ©dia, dizem os barqueiros que transportavam a equipe durante os trĂªs dias de campo.
Dessa maneira, o Brasil enfrenta atualmente a maior seca da histĂ³ria, segundo o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden).
Portanto, outras partes do jacarĂ© gigante estĂ£o por ali: vĂ©rtebras isoladas, crĂ¢nio, dentes.
A espĂ©cie, chamada de Purussaurus brasiliensis, o “rĂ©ptil brasileiro do rio Purus”, foi batizada pelo botĂ¢nico JoĂ£o Barbosa Rodrigues, em 1892.
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Foto: LPP/Ufac via DW