STF breca pagamento de R$ 4,2 bi de emendas e manda PF investigar

Suprema Corte determinou investigaรงรฃo da PF sobre possรญveis irregularidades no repasse solicitado por Arthur Lira.

Ordem de Dino sobre emendas รฉ cumprida e prefeitos do Amazonas se retratam

Diamantino Junior

Publicado em: 23/12/2024 ร s 11:22 | Atualizado em: 23/12/2024 ร s 11:22

O ministro Flรกvio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), tomou uma decisรฃo que pode impactar diretamente a dinรขmica do orรงamento pรบblico e a relaรงรฃo entre os Poderes. Nesta segunda-feira (23/12), Dino suspendeu o pagamento de R$ 4,2 bilhรตes em emendas parlamentares e determinou a abertura de um inquรฉrito pela Polรญcia Federal (PF) para investigar possรญveis irregularidades na liberaรงรฃo desses recursos. A medida atende a uma aรงรฃo do PSOL, que questionou a transparรชncia e a legalidade das chamadas “emendas de comissรฃo”.

As emendas parlamentares sรฃo instrumentos que permitem a alocaรงรฃo de verbas pรบblicas a estados e municรญpios, sendo tradicionalmente usadas por deputados e senadores para atender ร s suas bases eleitorais.

No entanto, a modalidade de emendas de comissรฃo, foco da decisรฃo, ganhou relevรขncia apรณs o fim das controversas emendas de relator, conhecidas como “orรงamento secreto”.

Essas emendas nรฃo possuem carรกter obrigatรณrio e sรฃo indicadas por colegiados temรกticos do Congresso, o que, segundo o STF, demanda maior transparรชncia e rastreabilidade.

A controvรฉrsia comeรงou em 12 de dezembro, quando um ofรญcio assinado pelo presidente da Cรขmara, Arthur Lira (PP-AL), e 17 lรญderes partidรกrios solicitou ao Palรกcio do Planalto a liberaรงรฃo dos R$ 4,2 bilhรตes.

No mesmo dia, Lira suspendeu as sessรตes das comissรตes temรกticas atรฉ o fim do ano legislativo, limitando o debate sobre a aplicaรงรฃo dos recursos.

Dino, em sua decisรฃo, condicionou qualquer pagamento de emendas ร  publicaรงรฃo, pela Cรขmara, das atas das reuniรตes onde foram aprovadas.

Essas atas deverรฃo ser enviadas ao Planalto e cumprir critรฉrios rigorosos de transparรชncia e rastreabilidade, jรก estabelecidos pelo STF em decisรตes anteriores.

O ministro tambรฉm determinou que, a partir de 2025, todas as emendas deverรฃo identificar o parlamentar responsรกvel por cada indicaรงรฃo, mesmo em casos de emendas coletivas.

A resposta do governo foi imediata e alinhada

O ministro Alexandre Padilha, responsรกvel pela articulaรงรฃo polรญtica do Planalto, afirmou que o governo seguirรก rigorosamente a decisรฃo do STF. “Esse รฉ um governo que respeita as decisรตes da Suprema Corte”, declarou em entrevista.

A decisรฃo do STF ocorre em um contexto de crescente pressรฃo por maior transparรชncia na gestรฃo de recursos pรบblicos, especialmente no que diz respeito ร s emendas parlamentares, que historicamente enfrentam crรญticas por sua opacidade.

O inquรฉrito da PF deverรก investigar se a liberaรงรฃo dos R$ 4,2 bilhรตes ocorreu dentro da legalidade ou se houve desvios de finalidade e favorecimentos polรญticos.

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Com essa decisรฃo, o Supremo reafirma sua posiรงรฃo como guardiรฃo da legalidade no uso de recursos pรบblicos, ao mesmo tempo em que coloca em xeque prรกticas comuns no Congresso.

O impacto dessa medida pode ir alรฉm do caso especรญfico, estabelecendo um novo padrรฃo de controle e transparรชncia nas relaรงรตes entre o Legislativo e o Executivo.

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Foto: Marcelo Camargo/Agรชncia Brasil