Átila Lins alerta sobre exageros em fiscalização federal em Boca do Acre

Deputado do Amazonas repetiu na Câmara preocupação com as operações ambientais nos municípios do sul do estado.

Aguinaldo Rodrigues

Publicado em: 02/07/2025 às 12:00 | Atualizado em: 02/07/2025 às 12:45

O deputado Federal Átila Lins (PSD-AM) utilizou a tribuna da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (1/7), para manifestar preocupação com as operações de fiscalização ambiental no Amazonas feitas pelo Ibama, ICMbio e Polícia Federal.

Dessa forma, o decano amazonense destacou os exageros causados em Apuí e a iminente apreensão em Boca do Acre. O parlamentar clamou por diálogo, respeito e humanidade nas ações dos órgãos federais.

Em seu discurso, Átila Lins mencionou que a população de Apuí ainda está sob o impacto de uma operação que transtornou e indignou as famílias, com excessos por parte do Ibama, ICMBio (Instituto Chico Mendes) e Polícia Rodoviária Federal.

“Felizmente, a operação Atmosfera, em Apuí, foi paralisada e há expectativa de que um canal de negociação seja aberto, dado que muitas propriedades foram destruídas e maquinários queimados, deixando as famílias em estado de choque. Esperamos que os acontecimentos tão desastrosos de Apuí não se repitam em Boca do Acre”, disse Lins.

De acordo com o parlamentar, a preocupação com Boca do Acre se intensificou após o Ibama publicar, em 5 de junho, o edital de notificação nº 5, da diretoria de Proteção Ambiental, que embarga mais de 100 propriedades rurais.

Este edital exige a retirada de animais domésticos e exóticos e a interrupção imediata de qualquer atividade agrossilvipastoril em 30 dias, gerando grande apreensão.

Grito de alerta

Em resposta a essa ameaça, autoridades e a comunidade de Boca do Acre reuniram-se, em 26 de junho, para fazer um “grito de alerta”. Isso, para se posicionar diante de algo que ameaça diretamente a tranquilidade, a economia e a dignidade dos moradores.

Participaram do encontro o prefeito Frank Barros, o secretário de Governo Gean Barros, o vice-prefeito Luís Alves, vereadores, produtores rurais, pecuaristas, comerciantes, empresários e lideranças comunitárias.

“A apreensão e o medo tomaram conta das famílias, com produtores questionando se suas propriedades, mesmo regularizadas, serão invadidas, se maquinários adquiridos com sacrifício serão destruídos, e se serão tratados como criminosos do dia para a noite, mesmo operando dentro da legalidade”, relatou o parlamentar da tribuna da Câmara.

Ele enfatizou que a comunidade não está defendendo o ilegal, reconhecendo a importância da preservação ambiental para o futuro do País. Contudo, o parlamentar criticou veementemente a prática de colocar todos no mesmo saco, como se quem produz fosse automaticamente culpado.

“Há produtores e pecuaristas que seguem rigorosamente a legislação, preservam a área de reserva legal, empregam e geram renda para o Município, e essas pessoas merecem respeito, segurança jurídica e apoio”, disse Lins.

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Apelo

O deputado fez um apelo direto ao governo federal, ao Ibama, à Polícia Federal e ao Ministério do Meio Ambiente, reiterando que todos são favoráveis à proteção da floresta, da fauna e dos rios, e que a lei precisa ser cumprida.

No entanto, ele cobrou que pequenos e médios produtores não sejam tratados como criminosos, cercados por helicópteros e com armas apontadas.

Átila Lins defendeu a necessidade de construir uma ponte de fiscalização e produção e que haja diálogo antes da ação. Ele solicitou que sejam consideradas as especificidades da região amazônica, onde a “ausência histórica do Estado” forçou a população a crescer “com as próprias mãos”.

“Não se trata de proteger infratores, e que quem erra, quem desmata ilegalmente ou age fora da lei deve, sim, ser responsabilizado. Contudo, essa responsabilização ocorra com toda dignidade, sem que haja uma maior intolerância e opressão, e que a fiscalização seja feita com critério e com humanidade”, finalizou o deputado amazonense.

Foto: divulgação