Elson Farias*
Abri o livro O Amazonas – sua história , de Anísio Jobim, numa nova edição realizada pela Valer Editora , e desde o primeiro capítulo interessou-me sua leitura. Ele conta a história do Amazonas.
São 26 capítulos de leitura agradável. Fala da aventura de Francisco Orellana e a sua viagem de descobrimento do grande rio, descendo do Peru até o oceano e, depois, sobre a viagem de volta realizada por Pedro Teixeira.
Esses dois episódios da nossa história refletem com clareza o duelo de Portugal e da Espanha na conquista do Novo Mundo. Informa sobre a expedição de Pedro de Ursúa e a lenda do Eldorado, um lugar de maravilhas, onde o ouro desabrocha da terra como flores silvestres numa paisagem paradisíaca.
Discorre sobre os eventos históricos da fundação da cidade de Belém do Pará e põe em destaque o pensamento de Joaquim Nabuco sobre ser a conquista da Amazônia um dos mais extraordinários feitos da Coroa Portuguesa, na saga dos grandes descobrimentos.
Estuda a situação dos povos da floresta, a questão indígena, o contato do europeu com o ameríndio e o esforço inútil de escravizá-lo. Demora-se em interpretar a ação dos missionários das diversas ordens religiosas que por aqui estiveram, destacando a missão dos jesuítas que, afinal, deixaram marcas definitivas na formação social e cultural do povo brasileiro.
Relata sobre a berlinda em que ficou a região em consequência das ambições de domínio dos supostos donos do mundo de então, os reis de Portugal e da Espanha, e a interferência mediadora da Santa Sé no sentido de paz com a celebração do Tratado de Tordesilhas e, mais tarde, do Tratado de Madri.
Anísio Jobim fala, ainda, nesse livro, da realização do projeto da Coroa Portuguesa na Amazônia, com a criação da Capitania de São José do Rio Negro, origem do Estado do Amazonas, registrando a ação dos governadores coloniais.
Examina a situação geral da Capitania, a fortificação das fronteiras e a preservação dos seus limites, questão definitiva na manutenção do espaço territorial conquistado. Conta sobre as rebeliões que antecederam as ações da Independência e sua repercussão no Rio Negro.
Discorre sobre a Cabanagem, o movimento rebelde mais significativo dos embates da formação política regional, iniciado em Belém do Pará e encerrado na cidade amazonense de Maués. Examina as expectativas históricas sobre a criação da Província do Amazonas e sua organização institucional, o perfil humano e profissional dos presidentes provinciais e a exploração do seu potencial econômico.
Aprecia as melhorias adotadas pelo regime republicano e as consequências da Revolta Paulista de 1924 e da Revolução de 1930, que mudou o Brasil e propiciou profunda repercussão no destino dos amazônidas. Examina, enfim, as questões de limites do Amazonas com os Estados do Pará e Mato Grosso.
No final do livro, capítulos 25 e 26, traça um perfil bastante ilustrativo dos viajantes e exploradores, soldados, políticos e cientistas que, ao lado de homens notáveis como Samuel Fritz e La Condamine, Alexandre Rodrigues Ferreira, Humboldt, von Spix e von Martius, Wallace, Bates, Agassis, Koch-Grümberg, Curt Nimuendaju, revelaram e projetaram a Amazônia no mundo da ciência e do pensamento. Fala, ainda, nesses capítulos finais do livro, das personalidades de destaque da vida amazonense.
Ao concluir a leitura desse livro, senti-me gratificado por ter aprendido muita coisa sobre a história da Amazônia e do Estado do Amazonas.
*O autor é escritor e membro da Academia Amazonense de Letras(AAL).
Fotos: Reprodução