PetrobrĂ¡s anuncia sua saĂ­da do Amazonas a partir do prĂ³ximo ano

PetrobrĂ¡s

Publicado em: 16/12/2019 Ă s 17:00 | Atualizado em: 16/12/2019 Ă s 13:36

Da RedaĂ§Ă£o BNC BrasĂ­lia

 

Em Nova Iorque, nos Estados Unidos, na semana passada, o presidente da PetrobrĂ¡s, Roberto Castello Branco, disse que o plano da empresa a partir do prĂ³ximo ano Ă© vender todos os seus ativos no paĂ­s para focar a produĂ§Ă£o em apenas trĂªs estados: EspĂ­rito Santo, Rio de Janeiro e SĂ£o Paulo.

No Amazonas, a estatal possui como principais ativos os campos terrestres CupiĂºba e CarapanaĂºba, no municĂ­pio de Coari (a 363 quilĂ´metros de Manaus), e a Refinaria Isaac SabbĂ¡ (Reman), na capital.

Para o presidente da estatal, as vendas das refinarias serĂ£o concluĂ­das atĂ© 2021, e isso serĂ¡ favorĂ¡vel para a empresa. Ele avalia que tal medida aumentarĂ¡ a competitividade e controle de preços.

Acordo nesse sentido jĂ¡ foi fechado pela PetrobrĂ¡s com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa EconĂ´mica).

 

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Riscos para arrecadaĂ§Ă£o e empregos

NĂ£o Ă© o que pensam pesquisadores do Ineep (Instituto de Estudos EstratĂ©gicos do PetrĂ³leo), que estiveram em Manaus no Ăºltimo dia 6. Eles participaram de audiĂªncia pĂºblica na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM).

“A tendĂªncia Ă© que um possĂ­vel comprador privado retome, com mais intensidade, a polĂ­tica de preços adotada pelo ex-presidente da PetrobrĂ¡s Pedro Parente. Dessa forma, teremos novamente um combustĂ­vel com preços agressivamente volĂ¡teis e possivelmente maiores do que os do resto do paĂ­s”, disse o economista Rodrigo LeĂ£o, coordenador-tĂ©cnico do Ineep, sobre a venda da Reman.

AlĂ©m do aumento de preços dos combustĂ­veis, o monopĂ³lio privado acarretarĂ¡ na perda de empregos e de arrecadaĂ§Ă£o de impostos no Amazonas, avaliou LeĂ£o.

Segundo ele, Ă© falso o argumento de que a privatizaĂ§Ă£o levarĂ¡ ao aumento da competitividade e a entrada de atores privados no setor.

Para LeĂ£o, a experiĂªncia em outros estados, como a Bahia, mostra tendĂªncia oposta: a atividade petrolĂ­fera diminuiu consideravelmente na regiĂ£o com a saĂ­da da PetrobrĂ¡s.

 

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O peso dos royalties

A pesquisadora Carla Ferreira lembrou que a PetrobrĂ¡s Ă© a maior fonte de ICMS para o Amazonas.

No ano passado, o estado recebeu R$ 267,94 milhões em royalties e participações especiais em funĂ§Ă£o da produĂ§Ă£o de hidrocarbonetos.

Além do governo estadual, outros 20 municípios recebem royalties, com destaque para Coari, que sozinho recebeu R$ 75,78 milhões.

Essa arrecadaĂ§Ă£o, segundo os especialistas, estarĂ¡ em risco sob a gestĂ£o privatista da refinaria, sem compromisso com o desenvolvimento nacional ou local ou com os interesses estratĂ©gicos e de segurança energĂ©tica.

Como parte dos royalties depende do transporte do petrĂ³leo da PetrobrĂ¡s pelos municĂ­pios amazonenses, apĂ³s a venda dos campos no Amazonas o mercado de combustĂ­veis pode ficar mais dependente de importações.

O resultado serĂ¡ a queda imediata na arrecadaĂ§Ă£o desses royalties.

Com informações do Ineep

 

Foto: ReproduĂ§Ă£o/YouTube