MP-AM põe órgão do crime organizado a investigar preço abusivo da gasolina
Aguinaldo Rodrigues, da Redação | Anúncio do MP-AM é de que o CAO-Crimo vai investigar criminalmente a suspeita de cartel nos postos de Manaus

Aguinaldo Rodrigues
Publicado em: 04/02/2020 às 12:20 | Atualizado em: 04/02/2020 às 12:24
Um inquérito criminal vai aprofundar a investigação sobre o preço de combustíveis nos postos de Manaus. Isso foi uma das decisões anunciadas após audiência entre o Ministério Público do Amazonas (MP-AM) e órgãos ligados à defesa do consumidor. A reunião foi nesta segunda, dia 3.
A promotora de Defesa do Consumidor do MP, Sheyla Andrade, disse que encaminhou tudo o que foi levantado até hoje sobre o assunto para esse inquérito.
Essas investigações vão ser conduzidas pela Coordenação do Centro de Apoio Operacional de Inteligência, Investigação e Combate ao Crime-Organizado (CAO-Crimo).
“A partir daí, outras medidas deverão ser tomadas no sentido de tentar buscar uma solução para o aumento dos combustíveis. Neste caso, o CAO-Crimo vai se utilizar de todos os instrumentos, tudo aquilo que é previsto em lei, para que isso possa seja levado a uma conclusão com a apuração de responsabilidade criminal feita de forma robusta e efetiva “, disse a promotora.
De acordo com o MP, o CAO-Crimo faz parte do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas, do Ministério Público Federal (MPF).
É formado por promotores especializados em investigar a atuação organizada e criminosa de grupos.
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Cartel é principal suspeita
O principal foco dessa apuração por um órgão de combate ao crime organizado, no caso de Manaus, é a suspeita de formação de cartel.
CPI da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM) em 2019 apontou essa suspeita diante de preços bem alinhados, inclusive nos centavos, pelas empresas.
Sheyla Andrade também encaminhou o que já foi levantado aos órgãos de defesa do consumidor e à Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Parlamentar que puxa a necessidade de ser apurada essa abusividade de preço, o deputado Álvaro Campelo (Podemos) recebeu do MP-AM o compromisso de aprofundamento das investigações. Ele denunciou à Polícia Federal a possível existência de cartel,
Foi o que afirmaram ao deputado a procuradora-geral de Justiça (PGJ), Leda Mara Albuquerque, e o subprocurador-geral para Assuntos Jurídicos, Fábio Monteiro.
O compromisso é investigar a ocorrência de ilícitos no comércio de combustíveis na capital.
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Uma questão criminal
Para a ANP, se os postos repassassem ao consumidor aumentos e reduções de forma escalonada, o preço do litro de gasolina, principalmente, seria menor em Manaus.
A agência afirmou que os postos têm um lucro que varia de 25 a 30%.
Segundo o Procon Manaus, o que encarece o combustível são as distribuidoras que existem entre os postos e a refinaria.
“Uma rede que precisa ser desmantelada. A questão é criminal. Precisamos de uma concorrência livre e leal”, afirmou o chefe do Procon, Rodrigo Guedes.
A titular da 81ª Promotoria de Defesa do Consumidor afirmou que apesar da investigação criminal, o órgão vai continuar com apurando as responsabilidades cíveis pela carestia dos combustíveis.
Segundo Sheyla Andrade, a tendência é pelo ingresso de uma nova ação na Justiça contra as empresas de combustíveis.
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Foto: Hirailton Gomes/MP-AM
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Protestos de taxistas
Da reunião no MP-AM nesta segunda participaram também taxistas comuns e dos aplicativos. Antes, protestaram bloqueando a avenida Pedro Teixeira por pelo menos dez minutos.
Na manhã desta terça, dia 4, novo protesto foi organizado, tomando o acesso à ALE-AM. Os trabalhadores de táxi tentavam conversar com a presidência da casa. Para dispersar boa parte dos manifestantes, o secretário de Segurança Pública, Louismar Bonate, prometeu a eles que o governador Wilson Lima (PSC) iria recebê-los hoje ainda, na sede do governo.
Foi mais um ato de repúdio ao que é tratado como preço abusivo, que inviabiliza na ponta que os taxistas ofereçam descontos ao consumidor.
Com informações da assessoria de comunicação do MP-AM
Foto: BNC Amazonas