Pela quinta vez seguida, o Banco Central (BC) diminuiu os juros básicos da economia. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic para 4,25% ao ano, com corte de 0,25 ponto percentual.
Essa medida vai ao encontro do pensamento do empresariado brasileiro e local, pois juros mais baixos fortalecem a indústria que produz e vende mais.
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Na esteira do anúncio de redução dos juros, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou material elogiando a decisão.
Para a entidade, o Copom acertou ao reduzir os juros básicos da economia para 4,25% ao ano, porque a inflação está sob controle e a economia enfrenta incertezas, como o fraco desempenho da indústria em dezembro e o surto de coronavírus.
“Diante do cenário de incertezas, a redução dos juros é indispensável para estimular o consumo das famílias e o investimento das empresas”, ressaltou o comunicado da CNI.
Segundo a CNI, o avanço nas reformas estruturais da economia brasileira é essencial para que os juros básicos se mantenham em níveis baixos e voltem a cair no futuro.
A Confederação também defendeu medidas adicionais para garantir espaço para novos cortes.
De acordo com a entidade, a aprovação da reforma da Previdência e o controle da inflação foram primeiros passos para garantir a recuperação do crescimento.
No entanto, para a CNI, a reforma tributária deve ser a nova prioridade.
“O governo, o Congresso, os empresários e os demais segmentos da sociedade precisam se mobilizar para que o país acelere a agenda de reformas voltadas ao crescimento da economia e da indústria. A prioridade desta agenda é a reforma tributária”, destacou a confederação em nota.
A CNI listou outras ações que considera imprescindíveis, como a redução dos custos dos financiamentos, o corte da burocracia, a modernização da infraestrutura, os investimentos em inovação e na formação de trabalhadores.
Redução dos juros
A decisão era esperada pelos analistas financeiros, segundo a pesquisa Focus do BC .
Em comunicado, o Banco Central indicou que pretende interromper os cortes de juros.
“O Copom entende que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela na condução da política monetária. Considerando os efeitos defasados do ciclo de afrouxamento iniciado em julho de 2019, o comitê vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária”, ressaltou o texto.
A nota também pediu a manutenção das reformas estruturais da economia brasileira, de modo a manter os juros em níveis baixos por muito tempo.
Com a decisão, a Selic está no menor nível desde o início da série histórica do Banco Central, em 1986.
De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015.
Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018, só voltando a ser reduzida em julho de 2019.
Inflação
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Em 2019, o indicador fechou em 4,31% , o maior resultado anual desde 2016. A inflação foi impulsionada pela alta do dólar e pelo preço da carne, mas continua abaixo do teto da meta. O IPCA de janeiro será divulgado na próxima sexta-feira (7).
Para 2020, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu meta de inflação de 4%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
O IPCA, portanto, não poderá superar 5,5% neste ano nem ficar abaixo de 2,5%.
A meta para 2021 foi fixada em 3,75%, também com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.
No Relatório de Inflação divulgado no fim de dezembro pelo Banco Central, a autoridade monetária estima que o IPCA continuará abaixo de 4% nos próximos anos , atingindo 3,5% em 2020 e 3,4% em 2021 e 2022.
De acordo com o boletim Focus , pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 3,4% , mesmo com a alta recente do dólar e da carne.
Crédito mais barato
A redução da taxa Selic estimula a economia porque juros menores barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade econômica. No último Relatório de Inflação , o BC projetava expansão da economia de 2,2% para este ano .
As estimativas estão em linha com as do mercado. Segundo o boletim Focus , os analistas econômicos preveem crescimento de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) em 2020.
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia.
Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação.
Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.
Foto: Arquivo/Agência Brasil