A Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde cancelou uma expedição para a aldeia Suruwahás, do Amazonas, um dos povos indígenas que tiveram contato apenas recentemente com a sociedade brasileira majoritária.
A expedição vinha sendo criticada por indigenistas porque tornou-se público que participariam integrantes indígenas de uma organização missionária cristã próxima à ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, e também por falta de planejamento, respeito as normas legais e objetivos científicos.
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As indígenas que fariam parte da expedição são membros da Jocum (Jovens com uma Missão), braço interdenominacional e internacional missionário que iniciou os seus trabalhos na década de 60 nos Estados Unidos e atua na Amazônia há muitos anos.
Um dos lemas publicados pela entidade na internet é: “Como cidadão do reino de Deus, somos chamados para amar, adorar e obedecer o senhor Jesus Cristo, para amar e servir o seu corpo, a igreja, e apresentar evangelho a todo homem, por todo o mundo.”
O Ministério Público Federal já se posicionou contrariamente à presença da Jocum na região em uma outra ocasião.
Cancelamento
A decisão de cancelar a expedição foi tomada pelo novo chefe da Sesai, Robson Santos da Silva, que assumiu o cargo nesta quarta-feira, 12.
A secretaria chegou a confirmar a participação do Ministério dos Direitos Humanos na missão, mas a pasta negou que algum representante fosse estar da atividade.
Contatos com povos isolados ou mesmo de recente contato, como é o caso da Suruwahás, podem ter alta letalidade e trauma para os indígenas, que têm defesa no organismo baixa para doenças comuns da população urbana, como uma simples gripe.
Segundo o blog apurou, a Sesai decidiu fazer um novo planejamento preventivo, traçando mais cenários que esse contato pode gerar, incluindo a avaliação do risco/benefício da expedição.
Oficialmente, a Sesai afirmou que a viagem era necessária para sanar uma “crise de saúde mental” responsável por cinco suicídios entre os indígenas da etnia no ano passado.
Saúde indígena
A saúde indígena foi desmembrada da Fundação Nacional do Índio (Funai), passando para a Sesai, no ministério da Saúde, há quase 20 anos.
Contudo, é a Funai quem articula e monitora a execução das politicas públicas do Estado para os povos indígenas.
Servidores da Fundação informaram ao blog que havia uma alto risco da expedição gerar fatalidades.
A decisão pela suspensão da expedição aconteceu um dia depois da exoneração da antiga chefe da Sesai Silvia Nobre Lopes, que tinha ligação com a ministra Damares, e era favorável a ida dos missionários à aldeia.
Foto: Funai