Ministro reafirma sugestão de isolamento social, contrariando Bolsonaro
Tradicional entrevista diária do ministro agora é na casa de Bolsonaro, que lhe tirou o protagonismo da divulgação das ações contra coronavírus

Da Redação do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 30/03/2020 às 19:26 | Atualizado em: 30/03/2020 às 19:26
Um dia após o “rolê” do presidente Bolsonaro por cidades do Distrito Federal, o ministro da Saúde, Luiz Mandetta, reafirmou sua posição pelo isolamento social.
“As orientações são as mesmas que têm sido seguidas nos estados: isolamento social”. De acordo com Mandetta, isso é para conter o colapso no sistema de saúde durante a pandemia do coronavírus.
Conforme ele, o Ministério da Saúde continua se guiando de forma técnica e pelo que é científico.
“Por enquanto, mantenho as orientações dos estados, porque essas ainda são as mais recomendáveis”.
Com isso, sua posição afronta o comportamento de Bolsonaro, que faz defesa reiterada de quebra do isolamento. Ainda no domingo ele fez isso, ao participar de aglomeração circulando por Brasília e cidade-satélite.
Leia mais
Mandetta admite hipótese de sua demissão do Ministério da Saúde
Mandetta em novo formato
A partir de hoje (30), as entrevistas à mídia passaram a ser no Palácio do Planalto e sai do Ministério da Saúde. A determinação é do presidente da República.
Mandetta explicou que o novo formato de divulgação dos dados do coronavírus representa um “conceito ampliado de coordenação e controle” das ações.
De acordo com ele, o enfrentamento da pandemia “extrapola muito o tamanho do Ministério da Saúde”. Portanto, para o ministro, isso explica a presença de ministros de outras pastas na entrevista.
Leia mais
Senado reforça isolamento
Em meio a mais uma polêmica provocada por Bolsonaro, que insiste em chamar a população para as ruas, o Senado reagiu.
Como resultado, os líderes dos partidos assinaram hoje uma nota recomendando o isolamento social. O documento foi lido, em sessão remota, pelo vice-presidente do Senado, Antônio Anastasia (PSDB-MG).
O que dizem os senadores
Leia mais
Esquerda se une em manifesto para pedir renúncia de Bolsonaro
Manifesto de entidades
Seis entidades da sociedade civil – CNBB (bispos da igreja católica), OAB, Comissão Arns, Academia Brasileira de Ciências (ABC), Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) – também emitiram nota para alertar a população que fique em casa.
E pedem que as recomendações da ciência, dos profissionais de saúde e da experiência internacional sejam respeitadas.
De acordo com essas entidades, a campanha de desinformação de Bolsonaro é grave ameaça à saúde de todos.
Assinam o documento o presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo; o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz; o presidente da Comissão Arns, José Carlos Dias; o presidente da ABC, Luiz Davidovich; o presidente da ABI, Paulo Jerônimo de Souza; e o presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira.
Foto: Reprodução/TV Brasil