“A pandemia de coronavírus exige respostas rápidas. E a ciência é a melhor forma de encontrá-las”.
A frase é de Esper Kallás, médico infectologista, professor de medicina e pesquisadoe da USP.
Kallas escreve que em 1890, Emil Adolf von Behring e Shibasaburo Kitasato publicaram um estudo mostrando a cura de ratos inoculados com soro de animais previamente infectados com bactérias altamente virulentas.
Um ano mais tarde, esse método, chamado “imunização passiva”, foi usado com sucesso para tratar uma criança acometida de difteria.
Até então, cerca de 50 mil crianças alemãs já haviam morrido pela doença e o novo tratamento mudou a história da medicina.
De acordo com a publicação, estudos mostraram que anticorpos, encontrados no plasma das pessoas que já passaram por uma infecção, poderiam ser usados com segurança.
“Eles funcionariam como mísseis direcionados a germes específicos, previamente desenvolvidos no sangue de algumas pessoas cujo sistema de defesa conseguiu montar uma guarda eficiente para novos ataques”.
Conforme o médico, até a segunda metade do século 20, não havia medicamentos que destroem os germes, como antibióticos e antivirais, para o tratamento de doenças infecciosas.
No entanto, o uso desse plasma, denominado “convalescente”, mostrou-se uma arma valiosa.
Do mesmo modo, “esta abordagem não é simples nem isenta de riscos”, escreve Kallás.
Há necessidade de identificar as pessoas que têm melhor defesa, ou seja, cujos plasmas têm anticorpos bons.
Várias pesquisas estão em andamento para avaliar o uso do plasma convalescente na pandemia do coronavírus.
Um número ainda pequeno de pacientes foi tratado na China e nos Estados Unidos, com resultados promissores.
Instituições brasileiras estão se organizando para seguir o mesmo caminho de investigação.
Será essa uma boa arma no tratamento dos casos graves do coronavírus? “Esperamos ter essa resposta em breve”, sugere o infectologista.
Leia na coluna de Esper Kallás, na Folha .
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Foto: Reuters/Edgar Su/Ag Brasil