Bolsonaro queria acesso a relatórios confidenciais da PF, acusa Moro

Ex-ministro e ex-juiz da Lava Jato disse que a interferência de Bolsonaro na PF poderia trazer resultados imprevisíveis

Sergio Moro, PF

Israel Conte, da redação

Publicado em: 24/04/2020 às 11:26 | Atualizado em: 24/04/2020 às 11:42

A interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal foi o principal motivo para a saída de Sergio Moro, do Ministério da Justiça.

A declaração foi dada nesta sexta-feira, dia 24, na coletiva de imprensa, em que anunciou sua demissão. 

De acordo com Moro, Bolsonaro queria ter acesso a informações e relatórios confidenciais de inteligência da PF.

“Não tenho condições de persistir aqui, sem condições de trabalho.” E disse que “sempre estará à disposição do país”.

Além disso, o agora ex-ministro deixou claro que o estopim para a sua saída do Ministério da Justiça foi a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo.

 

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Moro afirmou que não assinou a exoneração e que a publicação no Diário Oficial com a observação “a pedido”, não é verdade.

“Fiquei sabendo pelo Diário Oficial. Não assinei a exoneração. [Aliás ] Valeixo nunca sairia voluntariamente da Polícia Federal”.

Ainda conforme Sergio Moro, Bolsonaro deixou claro que a troca de Valeixo no comando da Polícia Federal era “uma interferência política, sim”.

A atitude do presidente, segundo o ex-juiz da Lava Jato, poderia, certamente, representar resultados imprevisíveis na PF.

“Gera um abalo na credibilidade de um compromisso maior com a lei. […] A interferência política na PF traz resultados imprevisíveis”, afirmou.