Coronavírus: Arthur cobra ajuda do presidente da França e do G7

O coronavírus e seus impactos levaram o prefeito de Manaus a procurar ajuda das nações que se preocupam com a Amazônia.

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Por Iram Alfaia, de Brasília

Publicado em: 13/05/2020 às 04:00 | Atualizado em: 12/05/2020 às 21:39

Em entrevista ao jornal francês Libération, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, disse que chegou a hora do presidente da França, Emmanuel Macron, mostrar que seu ativismo pela Amazônia não foi apenas propaganda para agradar a opinião pública francesa.

O prefeito de Manaus quer que Macron ajude a capital amazonense, incluindo o G7 (o grupo dos sete países mais rico do planeta), nas ações do município no combate ao coronavírus (covid-19).

Ele reforçou uma cobrança que já havia feito. “Espero com impaciência a resposta de Macron, para saber se vou continuar a admirá-lo ou não”, afirmou.

“Nós estamos em guerra (…) Nós precisamos de medicamentos, respiradores, voluntários e equipamentos de proteção individual”, reforçou o prefeito na edição impressa do jornal dessa segunda-feira, dia 11.

Arthur lembrou que a Amazônia tem um índice de preservação florestal de 96% e todos os dias o povo presta um serviço ao mundo, ajudando a conter o aquecimento global.

No entanto, essa situação pode sofrer consequências após a pandemia, quando “as pessoas terão a tendência de derrubar as árvores em busca de um meio de subsistência.”

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Crítica a Bolsonaro

O tucano também criticou o presidente Jair Bolsonaro pela sua postura de negativista diante da pandemia no país.

“Quando a principal autoridade do país diz que é seguro sair de casa, bem, as pessoas saem. Muitos devem ter morrido. Enquanto tentamos convencer os brasileiros a ficar em casa, Bolsonaro declarou, irresponsavelmente e sem fundamento, que o confinamento teria deixado mais dez milhões de desempregados”, criticou.

E prosseguiu: “Em um gesto insano, ele foi ao STF (Supremo Tribunal Federal), acompanhado por um grupo de empresários, para pressionar pela retomada da atividade econômica. Ninguém vai me fazer reabrir indiscriminadamente. Isso levaria as pessoas à doença, à morte, estrangulando completamente a rede hospitalar de Manaus, a única na Amazônia”.

Segundo o prefeito, Manaus sofre com uma explosão no número de casos em dois distritos da cidade, que por si só representam mais da metade dos seus 2,1 milhões de habitantes.

Arthur Neto explicou que a cidade ampliou o número de leitos, mas os setores público e privado estão próximos do colapso, porque são muitas as demandas dos municípios. “A ajuda de Brasília continua insuficiente, apesar da gravidade da situação.”

“Esses distritos foram relativamente poupados até o momento, embora tenham sido os menos afortunados. No futuro imediato, a preocupação tende a se concentrar nos demais municípios onde o vírus está se acelerando. A rede de saúde é muito precária, quase não há cuidados intensivos ou semi-intensivos. Devido às distâncias, muitos pacientes nem sequer têm tempo para chegar a Manaus para tratamento”, explicou.

O prefeito diz que os pacientes vão morrer em casa ou a caminho. “A viagem por via fluvial pode levar vários dias. Com mais de 1,5 milhão de km² [mais que a área da França, Espanha, Suécia e Grécia combinadas, nota], o Amazonas é o maior estado da Amazônia”, diz.

O prefeito também declarou ao jornal francês que está muito preocupado com os povos indígenas da região. “Se o vírus os atingisse, não seria muito diferente de genocídio”, previu o prefeito.

 

Foto: Semcom