Para Arthur, enterro coletivo é ação de guerra e diz que “se reza em casa”

O prefeito de Manaus disse que teve de fazer enterro coletivo porque a situação é de guerra, com mais de 100 sepultamentos por dia

Arthur Virgílio

Aguinaldo Rodrigues

Publicado em: 13/05/2020 às 12:47 | Atualizado em: 13/05/2020 às 12:47

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), concedeu entrevista à Folha de S.Paulo nesta terça (12) e defendeu suas ações contra o coronavírus (covid-19).

Ao jornalista Fabiano Maisonnave, ele afirmou que os enterros coletivos foi uma necessidade porque não podia deixar corpos insepultos.

“Estamos numa guerra. Numa guerra, você enterra”, disse ele para justificar que não deixaria cadáveres junto com pacientes em leitos. “Respondi como uma pessoa que estava em guerra”.

Questionado sobre a posição contrária ao “lockdown” (isolamento total), Arthur devolveu ao repórter com outra pergunta:

“Os ‘lockdowns’ decretados e muito festejados estão dando certo? Eu vi o de São Luís. Mostraram um bairro da periferia, a maior algazarra”.

De acordo com o prefeito, ele “está na rua o tempo inteiro” para fiscalizar o comportamento da população diante das medidas que adotou. Nesse aspecto, destacou o serviço prestado pelo hospital de campanha, em parceria com as empresas Samel e Transire.

Avaliou que, sem ter obrigação de fazer, criou o hospital que hoje tem o maior índice de cura no Brasil. “Duvido que no país tenha alguém com o índice de cura do nosso hospital de campanha”.

Por isso, segundo Arthur, o estado do Pará quer implantar o mesmo modelo do hospital de campanha de Manaus. Inclusive, com uso da “cápsula Vanessa”.

 

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Letalidade no interior

Conforme o prefeito, diante da colocação de que Manaus tem 10% da população contaminada pelo coronavírus, reagiu falando sobre o interior.

A letalidade do interior vai ultrapassar Manaus já, já. E Manaus não está no caminho de muitas subidas”.

Apesar disso, o prefeito disse que medidas para conter a contaminação dos manauenses, portanto, vão continuar. “A gente não pode refrescar de jeito nenhum”.

De acordo com levantamento publicado no G1, a capital é a sétima cidade do Amazonas no grau de mortalidade pelo coronavírus por 100 mil habitantes.

 

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Defesa do isolamento

Em reunião com o governador Wilson Lima (PSC) nesta terça (12), Arthur disse que defendeu a continuidade das medidas de restrição a favor do isolamento.

Por exemplo, a retomada de atividades do comércio não essencial e dos templos religiosos. “Completamente contra. Rezar, você reza em casa”.

Conforme sua visão, o Amazonas ainda vai enfrentar um período duro com a epidemia, que é o repiquete da doença.

Ao final da entrevista, Arthur fala ainda do “caso Flávio”, em que seu enteado é apontado como suspeito do crime de homicídio.

Confira a entrevista na íntegra na Folha.

 

Foto: Mário Oliveira/Semcom