Para agradar a bancada evangélica, o deputado federal Wellington Roberto (PL-PB) foi o autor da emenda contrabando ao projeto de ajuda emergencial aos povos indígenas para permitir a permanência de missionários nas aldeias.
Considerado um dos líderes mais influentes do centrão, Wellington Roberto chamou para si a responsabilidade pela manobra, considerada uma forma de proteger a bancada evangélica que é expressiva para o grupo.
Segundo o De Olho nos Ruralistas (Observatório do agronegócio), dentro do PL, Roberto tem atuado como braço operacional do chefe do partido, o ex-deputado paulista Valdemar Costa Neto , condenado e preso no escândalo do “mensalão”.
Por causa dessa aproximação, o parlamentar emplacou o advogado Garigham Amarante Pinto no comando da diretoria de Ações Educacionais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do Ministério da Educação. No cargo, ele tem controle sobre um orçamento de R$ 52 bilhões.
Reação
O texto aprovado na Câmara prevê que os missionários terão acesso após avaliados pela equipe de saúde responsável e “poderão permanecer mediante aval do médico responsável.”
A Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) emitiu nota exigindo a exclusão dessa parte no artigo, uma vez que o projeto ainda será votado no Senado.
A entidade diz que os “missionários proselitistas” representam um grave risco para esses povos.
“A Coiab vem manifestar sua indignação pela inclusão sorrateira de artigo que autoriza a entrada de terceiros e garante a permanência de missionários nos territórios indígenas durante a pandemia da Covid-19, colocando em risco a vida dos povos indígenas isolados”, diz a entidade.
Só no Amazonas, houve dez registros da presença de missionários evangélicos em terras dos povos isolados no Vale do Javari.
São religiosos ligados à MNTB (Missão Novas Tribos do Brasil ), entidade de origem norte-americana que atua na evangelização indígena no país desde 1950.
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Foto: Divulgação/Funai/arquivo