Roberto Jefferson e dono da Havan são alvos da PF por fake news

O inquérito foi aberto no dia 14 de março de 2019 pelo presidente do STF, Dias Toffoli, com a intenção de investigar a existência de uma rede de produção e propagação de fake news

Neuto Segundo

Publicado em: 27/05/2020 às 08:40 | Atualizado em: 27/05/2020 às 08:40

A Polícia Federal cumpre 29 mandados de busca e apreensão, na manhã desta quarta-feira (27).

O mandados são referentes à investigação sobre fake news, conduzida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que apura ameaças a ministros.

 

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As ordens judiciais estão sendo cumpridas no Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina.

Outras ações

A PF também realiza nesta quarta outras três operações:

a Lazarus, no Rio de Janeiro, que apura fraudes na Previdência Social;

a Camilo, que investiga desvios de recursos públicos da saúde no Rio Grande do Sul;

Cara Dura, que visa desarticular um grupo criminoso envolvido em dezenas de furtos cometidos contra várias instituições financeiras no Tocantins e em outros estados.

Segredo de Justiça

O inquérito, que corre em sigilo, foi aberto no dia 14 de março de 2019 pelo presidente do STF, Dias Toffoli, com a intenção de investigar a existência de uma rede de produção e propagação de fake news.

Alvos

Alguns dos alvos são o ex-deputado federal Roberto Jefferson

o deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP)

o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan,

o blogueiro Allan dos Santos, próximo ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido)

o músico e humorista Rey Biannchi

o youtuber Enzo Leonardo Suzin Momenti

a ativista bolsonarista Sara Winter

Eles tiveram computadores, celulares, tablets e outros dispositivos eletrônicos apreendidos.

Ninguém foi preso, mas eles terão que prestar depoimento.

Filho 02

O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) se manifestou no Twitter sobre as ações da Polícia Federal. “O que está acontecendo é algo que qualquer um desconfie que seja proposital”, disse ele.

“Querem incentivar rachaduras diante de inquérito inconstitucional, político e ideológico sobre o pretexto de uma palavra politicamente correta?”, questionou.

‘Milícias digitais’

O relator do caso é o ministro Alexandre de Moraes.

No domingo (24), ele condenou as “milícias digitais” e afirmou que o Poder Judiciário atuará com firmeza para responsabilizar usuários que espalham notícias falsas na internet.

Moraes desmentiu uma conversa de Whatsapp, atribuída a ele, na qual pede a ação de um atirador de elite durante uma manifestação de apoio a Bolsonaro no Palácio do Planalto.

“Lamentável que milícias digitais, criminosamente, inventem mensagens e perfis falsos e mentirosos, como esse anexo, para desgastar a Democracia e o Estado de Direito. O Poder Judiciário atuará com firmeza para responsabilizar esses marginais”, escreveu o ministro no Twitter.

Inquérito das fake news

Desde que foi aberto, o chamado “inquérito das fake news” sofreu forte oposição do Ministério Público Federal por ter sido iniciado de ofício (sem provocação de outro órgão) por Dias Toffoli.

Com a mudança do titular da Procuradoria-Geral da República (PGR), em setembro, foi alterada também a postura da instituição em relação ao inquérito.

O procurador-geral Augusto Aras disse que Toffoli, ao determinar a abertura da apuração, “exerceu regularmente as atribuições que lhe foram concedidas” pelo Regimento Interno do Supremo.

O inquérito já identificou empresários bolsonaristas que estariam financiando um “bombardeio” virtual contra os ministros do STF.

O custo dos ataques nas redes sociais pode chegar a R$ 5 milhões por mês.

As apurações indicam que esses empresários bancam despesas com robôs – programas de computador que podem ser usados para fazer postagens automáticas nas redes – e produção de material destinado a insultar e constranger opositores de Bolsonaro nas mídias digitais.

 

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Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil (Arquivo)