Bancada e empresários da ZFM não têm interesse em nome à Suframa
A maioria da bancada parlamentar do Amazonas diz que o cargo é da confiança de Bolsonaro, mas indicado precisa conhecer a região

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 09/06/2020 às 20:25 | Atualizado em: 09/06/2020 às 20:27
Alvo de acirrada disputa política em passado recente, hoje a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) já não é alvo de tanta cobiça.
Embora seja responsável por administrar mais de 500 empresas no polo industrial do Amazonas, com faturamento de R$ 104,6 bilhões em 2019, a Suframa deixou de ser a principal moeda de troca no jogo político do estado.
Ninguém a quer. Ninguém mais tem interesse em comandá-la. Pelo menos, oficialmente.
Com a oficialização da demissão do coronel Alfredo Menezes Júnior, cuja “exoneração a pedido” foi publicada nesta segunda (8) no diário oficial da União, o BNC Amazonas foi ouvir a bancada de deputados federais e senadores e empresários sobre quem deveria assumir o cargo de superintendente.
A resposta foi unânime: o cargo é de nomeação exclusiva do presidente da República, Jair Bolsonaro. No entanto, outra ponderação também tem o aceno da maioria dos entrevistados.
É a que trata do substituto de Menezes, que deve ser alguém com bom trânsito no Palácio do Planalto e conhecedor da realidade do modelo ZFM e da Amazônia. Como compensação, o coronel demitido deve ser “premiado” com o comando da Secretaria Nacional da Amazônia.
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Posição da chefia da bancada
O coordenador da bancada do Amazonas no Congresso Nacional, senador Omar Aziz (PSD-AM), disse que não tem preferência por nenhum nome, nem cargo. E que Bolsonaro deve nomear quem quiser.
De acordo com ele, a demissão de Menezes não teve influência da bancada nem do “centrão” no Senado. Aziz disse ainda que não pertence a esse grupo político.
Na mesma linha de desinteresse pelo comando da Suframa, conforme afirmou, o subcoordenador da bancada, deputado Silas Câmara (Republicanos), pondera que é preciso um superintendente que conheça a região, o modelo ZFM e que saiba se relacionar com todos.
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Bolsonaro deve resolver
“A escolha é uma prerrogativa e de responsabilidade do presidente. Nós, políticos, não devemos nos meter nisso”. Isso é o que afirmou o senador Plínio Valério (PSDB).
O outro senador da bancada, Eduardo Braga (MDB), limitou-se a dizer que não tem nenhuma sugestão de nome.
Entre os deputados, há opiniões diversas.
Bosco Saraiva (SD), por exemplo, disse que cargos do poder Executivo devem ser preenchidos por escolha do seu chefe. “Cabe a nós, parlamentares, o exercício da fiscalização e do poder de crítica”.
Para Sidney Leite (PSD), a bancada não deve indicar qualquer nome ao para o cargo na Suframa. “Quem tem de nomear é o governo federal”.
Dessa maneira, Leite justifica por que a bancada amazonense precisa ficar isenta da indicação: “Temos aí uma política muito clara do ministro da Economia, Paulo Guedes. contra o modelo ZFM”.
Além disso, ele disse ser importante a bancada manter alinhamento e construir um canal de diálogo com o novo superintendente. “E se não for alguém da região, que ele tenha a sensibilidade com a Amazônia e comprometimento com o modelo de desenvolvimento regional”.
De acordo com Marcelo Ramos (PL), não se sente à vontade para indicar ninguém ao governo Bolsonaro. “Mas, quem quer que seja o escolhido, terá a solidariedade e o apoio da bancada”.
Deixaram de manifestar opinião ao BNC Amazonas os deputados Átila (Progressistas), Alberto Neto (Republicanos), Pablo Oliva (PSL) e José Ricardo (PT).
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Empresariado na mesma linha
O empresariado do polo industrial do Amazonas também se manifestou sobre a sucessão na Suframa.
De acordo com o presidente do Centro da Indústria do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, em nome da classe, disse que o cargo é de confiança da Presidência da República. E que não deve ser de cunho político.
“Agora, se for uma sugestão, isso é possível. A pessoa precisa ter acesso à Presidência, ao poder central e conheça como ninguém a região. Além de ter um alinhamento com o Governo do Estado e com a bancada [parlamentar] para todos trabalharem unidos em defesa da Zona Franca de Manaus”.
Sobre a provável indicação do general Algacir Polsin para o cargo, Périco disse “ver com bons olhos”.
Conforme ele, principalmente porque Polsin tem bom trânsito no governo e na ala dos “cinco estrelas” (generais de Exército). Entre eles, por exemplo, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, Augusto Heleno (GSI), Luiz Ramos (Secretaria de Governo) e Braga Neto (Casa Civil).
Foto: Divulgação/bancada