Em editorial nesta terça-feira (09), o jornal O Estado de S.Paulo, o Estadão, diz que se o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, tivesse alguma coragem moral, ele teria pedido demissão do cargo ao receber ordem para esconder os números relativos à pandemia do coronavírus (covid-19).
A comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha as ações de combate ao coronavírus promove reunião hoje (09), com o ministro. A reunião será por videoconferência com transmissão interativa.
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“Ao permanecer no cargo e cumprir a absurda determinação, Pazuello não apenas colaborou para desmoralizar ainda mais o Ministério da Saúde, como danificou a imagem das Forças Armadas, já que é militar da ativa e apresentado pelo presidente Bolsonaro como um dos sustentáculos militares de seu governo. Se não é, deveria deixar isso claro”, diz o editorial.
Segundo o jornal paulista, não é de hoje que o presidente Jair Bolsonaro vem colocando em dúvida o número de mortos na pandemia.
Mais de uma vez, acusou os governadores de Estado, seus desafetos, de inflar as estatísticas para justificar a quarentena e, assim, criar uma crise com o objetivo de prejudicar o governo.
Foi necessário afastar dois titulares da Saúde para que Bolsonaro finalmente encontrasse um ministro subserviente o bastante para transformar essa teoria da conspiração em política de governo.
O jornal lembrou o episódio do empresário que foi convidado para uma secretaria do Ministério.
“Em perfeita sintonia, o empresário Carlos Wizard, convidado para ocupar uma Secretaria no Ministério da Saúde, deu o tom da presepada ao dizer que os dados produzidos até aqui eram fantasiosos ou manipulados e que uma equipe de inteligência militar identificou sinais de fraude nas informações prestadas pelos Estados.”
Em resposta, diz o veículo, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde divulgou nota em que diz que Wizard, “além de revelar sua profunda ignorância sobre o tema, insulta a memória de todas aquelas vítimas indefesas desta terrível pandemia e suas famílias”.
Quando já estava claro que suas declarações prejudicariam a imagem de suas empresas, Wizard pediu desculpas e declinou do convite – mas a lembrança da ofensa que praticou será perene.
“Ao maquiar os dados, o presidente Bolsonaro e seus serviçais no Ministério da Saúde atentam contra as regras básicas de transparência da administração pública. Sem a publicidade ampla e integral de informações produzidas pelo Estado, a democracia não se realiza, pois a manipulação de dados compromete a capacidade dos cidadãos de exercer o controle público da administração”, diz o editorial.
Foto: Najara Araújo/Câmara dos Deputados