Desmatamento na Amazônia Legal já é o maior registrado pelo Inpe

Esses números compreendem agosto de 2018 e julho de 2019, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)

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Publicado em: 10/06/2020 às 11:01 | Atualizado em: 10/06/2020 às 11:01

O desmatamento nos nove estados da Amazônia Legal atingiu uma área de 10.129 km².

Esses dados compreendem agosto de 2018 e julho de 2019, de acordo com os informe divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nesta terça-feira (09).

É o maior índice de área desflorestada desde o intervalo entre agosto de 2007 e julho de 2008, quando foram derrubados 12.911 km² de floresta.

 

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Os índices são averiguados pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), que é considerado o mais preciso no mapeamento das áreas desflorestadas.

Sua métrica, conhecida como o “calendário do desmatamento”, abrange o período entre 1º de agosto de um ano a 31 de julho do ano seguinte.

A devastação da Amazônia cresceu 29,5% de agosto de 2018 a julho de 2019.

Foi a taxa mais alta da última década.

Inicialmente o Inpe calculou que 9.762 km² foram devastados.

Agora, refez as contas e chegou a um valor 3,7% maior, superando a marca de 10 mil km².

 

Ministério avalia

 

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o alto índice de desmatamento deve ser atribuído a atividades econômicas como garimpo, extração de madeira e ocupação do solo de maneira ilegal.

Quatro estados foram responsáveis por 84,5% de toda a devastação observada nos últimos dois anos. O Pará lidera o ranking do desmatamento (4.172km², ou 41,1% de toda a área destruída), seguido por Mato Grosso (16,8%), Amazonas (14,1%) e Rondônia (12,4%).

Desde o ano passado, o governo do presidente Jair Bolsonaro é acusado de desmontar o Ministério do Meio Ambiente, dando espaço para atividades ilegais na floresta.

Em reunião ministerial em 22 de abril, o titular da pasta, Ricardo Salles, afirmou que, com a imprensa voltada ao noticiário sobre o coronavírus, o governo deveria aproveitar o momento para “passar a boiada”, aprovando “reformas infralegais”.

Em abril, Salles demitiu o diretor de fiscalização ambiental do Ibama, que mostrou a uma reportagem do “Fantástico” uma operação contra o garimpo ilegal em terras indígenas no Pará.

Dois coordenadores do mesmo setor da autarquia foram exonerados em seguida.

A ONG Human Rights Watch acusou em seguida o governo federal de sabotar ações do órgão, já que o pagamento de multas por desmatamento ilegal está suspenso desde outubro de 2019.

O vice-presidente Hamilton Mourão está em negociações para retomar o financiamento do Fundo Amazônia, interrompido no ano passado.

Segundo ele, o comitê orientador do fundo, desmantelado após ter a gestão questionada por Salles, será recriado.

A Alemanha e a Noruega, responsáveis por mais de 99% das doações do fundo, discordaram da análise do ministro e cancelaram novos repasses à iniciativa, que rendeu R$ 3,4 bilhões ao país desde 2008.

 

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Foto: BNC Amazonas