No dia 12 de março, antes mesmo que o primeiro caso do coronavírus (covid-19) fosse registrado na capital do Amazonas, estratégias de combate começaram a ser implantadas.
É o que afirma o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), ao fazer nesta quinta (11), um balanço de 90 dias de ações contra o vírus.
“Tão logo a Organização Mundial de Saúde, a OMS, classificou o vírus como pandemia, demos início a um plano de enfrentamento para preparar a capital para a chegada de casos. Fortalecemos medidas de prevenção e criamos estratégias de saúde muito bem integradas”.
De acordo com o prefeito, uma das primeiras medidas adotadas foi mobilizar todos os órgãos da administração municipal.
Além disso, 14 UBS (unidades básicas de saúde) foram definidas como preferenciais para o atendimento de casos suspeitos de coronavírus. Hoje são 18 unidades, segundo a prefeitura.
“Com o colapso no sistema de saúde estadual, o prefeito Arthur Neto foi além de suas responsabilidades como gestor municipal e entrou para a alta e média complexidades. Com a apoio da iniciativa privada, criou o hospital de campanha municipal”, disse o secretário de Saúde, Marcelo Magaldi.
Conforme seu balanço, em dois meses de funcionamento, o hospital já registra mais de 500 altas de pessoas curadas da doença.
E para reforçar os profissionais de linha de frente no combate ao vírus foram convocados 645 profissionais de saúde classificados em processo seletivo. Além de 46 egressos do Programa Mais Médicos.
A Semsa ainda aguarda outros 28 profissionais para atuarem no enfrentamento. Também foram chamados 99 bolsistas para a Escola de Saúde Pública da prefeitura (Esap), especializados em medicina da família e comunidade, farmacêuticos, assistentes sociais, enfermeiros e psicólogos.
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Segundo a prefeitura, a força-tarefa foi além da saúde pública e ganhou reforço na assistência social, limpeza, educação e no apoio ao microempreendedor.
Isso com mais de mil catadores e lojistas do projeto “Viva Centro Galerias Populares” recebendo auxílio emergencial.
Ações em atendimento às pessoas em vulnerabilidade social, incluindo a população em situação de rua e indígenas venezuelanos, foram intensificadas com a entrega de cestas básicas ou refeições prontas nas cozinhas comunitárias.
Segundo a presidente do Fundo Manaus Solidária, a primeira-dama Elisabeth Valeiko Ribeiro, o manauara sempre foi um povo solidário e, mais uma vez, mostrou isso com doações para auxiliar as pessoas mais necessitadas durante a pandemia.
“Hoje nós lutamos contra dois inimigos: o vírus que causa a Covid-19 e contra a fome. Os efeitos da pandemia na economia têm sido gravíssimos, com recessão, queda na arrecadação e com um alto índice de desemprego. Direcionamos todos os nossos recursos para aquisição de cestas básicas, mas não teríamos conseguido alcançar tantas pessoas se não fosse a colaboração de empresários e da sociedade como um todo”, disse.
Vacinação
Seguindo as orientações do Ministério da Saúde (MS), antecipando a Campanha de Vacinação contra a Influenza, o primeiro grupo a ser vacinado foi o de idosos a partir dos 60 anos.
Para evitar a exposição desse público a um possível contágio, Manaus foi a primeira cidade a lançar mão de alternativas como a vacinação casa a casa e em sistema de drive-thru.
Tecnologia
O https://covid19.manaus.am.gov.br/ reúne conteúdos desde os sintomas, prevenção, cuidados e relatórios de arrecadação e despesas, seguindo a política de transparência da atual gestão municipal.
Pelo hotsite é possível acessar o “Chat Saúde On-line”, por meio do qual uma equipe multiprofissional está disponível para tirar dúvidas sobre a covid19, inclusive com atendimento por equipe de psicólogos.
Os casos confirmados passaram a ter acompanhamento específico por telemonitoramento, feito por profissionais capacitados e treinados para esse atendimento.
Povos indígenas
A prefeitura de Manaus enviou à comunidade Parque das Tribos, no Tarumã, onde vivem cerca de 700 famílias de 35 etnias, uma UBS Móvel que dispõe de serviços como vacinação contra a influenza, consultas médicas, orientações sobre saúde bucal, além das próprias testagens para identificação de coronavírus.
O serviço contempla ainda instruções sobre a importância de atitudes como lavagem das mãos, uso de máscaras, distanciamento social, conduta adequada no isolamento domiciliar e o autocuidado de maneira geral.
Os casos confirmados de covid-19 são encaminhados ao hospital de campanha municipal Gilberto Novaes, que possui uma ala específica para indígena.
Outra UBS Móvel realiza atendimento na comunidade Wotchimachü, localizada no bairro Cidade de Deus, zona Leste, para atender o grande número de famílias indígenas da etnia tikuna que vivem naquela área da cidade.
Comunidades ribeirinhas também estão tendo a assistência por meio das equipes das Unidades Básicas de Saúde Fluviais, que já percorrem nesse período 40 comunidades localizadas às margens do rio Negro.
Do mesmo modo, indígenas venezuelanos da etnia warao, que vieram para Manaus refugiados da crise em seu país de origem, foram realocá-los para evitar transmissão do novo coronavírus.
‘Aula em Casa’
Em meio à crise da pandemia e à necessidade de isolamento social, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) antecipou o recesso escolar do meio do ano para março e, em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), criou o projeto “Aula em Casa”.
A medida disponibiliza atividades diárias aos mais de 450 mil alunos atendidos pelas duas secretarias. As aulas acontecem pela TV aberta e internet e iniciaram em 1/4, logo após o término de 15 dias do recesso escolar.
Segundo a secretária municipal de Educação, Kátia Schweickardt, as escolas trabalham em conjunto com as famílias, para que todos possam ser atendidos.
Ela ressaltou a importância em manter o engajamento familiar também no pós-pandemia para que o fluxo escolar continue na rede municipal.
“O engajamento familiar na prática educacional é algo que a Semed vem trabalhando há anos. E foi dessa forma que conseguimos melhorar bastante o nosso Ideb. Essa união da família e escola foi um facilitador para a gente enfrentar essa pandemia. Sabemos da importância da aula presencial para os alunos do ensino fundamental e para as crianças da educação infantil”, afirmou.
Enfrentamento
Conforme a prefeitura, outras ações foram sendo desenvolvidas, muitas simultaneamente, como a antecipação do recesso escolar, o estabelecimento de home office, o abastecimento das UBSs com kits de equipamentos de proteção individual (EPI) e o treinamento de profissionais do SAMU para o atendimento a casos suspeitos de covid-19.
A suspensão do atendimento presencial nas unidades administrativas da prefeitura, com a adoção do sistema de teletrabalho, foi outra estratégia para evitar aglomerações.
O funcionamento dos parques municipais e a interdição das academias ao ar livre e parquinhos infantis também foi interrompido como medida de segurança. A Ponta Negra foi interditada para prevenir o avanço do vírus.
“Mesmo com a reabertura do comércio pelo governo estadual, muitas dessas suspensões foram mantidas até que se comprove a diminuição de casos no Estado e se descarte o risco de um novo surto da Covid-19”, pontuou o prefeito Arthur Neto.
Ainda em março, houve a antecipação da primeira parcela do 13º salário dos aposentados e pensionistas da Manaus Previdência, como forma de contribuir com economia local e reforçar as medidas de prevenção entre esse público, considerado o mais suscetível às complicações do vírus.
Também os servidores de áreas consideradas essenciais tiveram a primeira parcela do 13º salário antecipada no mês de abril. As demais categorias receberam o décimo antecipado nessa primeira quinzena de junho.
Paralelamente, foi elaborado um plano de contingenciamento, por conta da crise econômica mundial causada pela covid-19 e pela queda na arrecadação, prevista em R$ 500 milhões.
Entre as medidas de redução de gastos já anunciadas e postas em prática pelo prefeito Arthur está a extinção de três secretarias municipais, redução em cargos comissionados e contratação de estagiários, corte nos contratos e aluguéis, redução nas contas de água, luz e energia.
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Sepultamento
Nos dois meses de agravamento da pandemia do coronavírus no Amazonas, abril e maio, os cemitérios públicos e privados de Manaus registraram 5.168 sepultamentos e cremações.
Foram 2.809 no mês de abril e mais 2.359 em maio. O sistema funerário público foi responsável por 4.334 desses enterros, o equivalente a 83,8%.
Com o aumento da demanda, que saiu de uma média de 30 enterros diários, chegando a mais de 100 por dia, a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp) adotou o sistema de trincheira para fazer os sepultamentos no cemitério Nossa Senhora Aparecida, único com espaço para novas covas na capital.
Além de disponibilizar a opção de cremação, em parceria com uma empresa privada. No entanto, atualmente, os números estão bem próximos da normalidade e a prefeitura monitora o comportamento do vírus durante a reabertura do comércio na capital, antes de desativar a modalidade de trincheira.
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Foto: Divulgação/Semcom