Vísceras do PMDB são expostas em confronto de caciques

Publicado em: 24/05/2017 às 19:26 | Atualizado em: 24/05/2017 às 19:26
O tom do futuro das relações entre correligionários do PMDB foi dado hoje, dia 24, por dois caciques do partido em sessão plenária do Senado: os líderes do governo, Romero Jucá (RR), e dos que se rebelaram contra o governo do presidente Michel Temer, o senador Renan Calheiros (AL).
Renan discursou antes de Jucá, e atacou Temer, imputando-lhe insensatez por ter convocado as Forças Armadas para conter atos de vandalismo de manifestantes em Brasília.
“Fazer isso num momento em que o país pega fogo, beira a irresponsabilidade. Beira a irresponsabilidade. E fazer isso de forma dissimulada, dizendo que foi a pedido do presidente da Câmara dos Deputados, que negou”, disse Renan.
E complementou: “Fazer isso dissimuladamente e atribuir a responsabilidade ao presidente da Câmara dos Deputados é um horror!”.
Renan, que lidera grupo de três senadores do PMDB que se rebelou contra Temer, e que por isso não foi convidado para um demorado encontro com o presidente hoje, disse, se dirigindo a Jucá, que o partido não é um subproduto do governo.
“Coincidentemente tem, lá na Presidência da República, um filiado do PMDB”, afirmou.
Jucá sucedeu Renan na tribuna. E foi logo rebatendo as afirmações do colega de partido.
“Parece que o pouco tempo que passamos do novo governo embotou raciocínios e mentes. Quero dizer que todo debate aqui, a partir de agora, será enfrentado. Acabou essa história de vir aqui falar bobagem e ficar por isso mesmo. Agora é a hora do debate e do enfrentamento”, disse.
E puxou uma folha de papel que disse ser cópia do ofício enviado pelo presidente da Câmara dos Deputados pedindo tropas federais, e solicitou que o documento fosse transcrito nos anais do Senado.
Falando diretamente a Renan, Jucá disse: “Senador Renan Calheiros, o povo do Brasil já está ferrado. E quem ferrou o povo do Brasil não foi o governo Michel Temer, não; foi o governo Dilma”.
Mais cedo, o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Eunício Oliveira (PMDB-CE), dissera que a bancada de senadores do PMDB manifestou apoio “irrestrito” a Temer na reunião de mais de quatro horas, onde estiveram 17 dos 22 senadores peemedebistas.
Os cinco ausentes são Eduardo Braga (AM), Kátia Abreu (TO), Roberto Requião (PR) e Zezé Perrela (MG) e Renan Calheiros (AL).
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil