A operação militar Verde Brasil 2, anunciada no início de maio pelo governo de Jair Bolsonaro como a principal estratégia para reduzir o desmatamento que assola a Amazônia, executou, até o momento, apenas 0,7% de seu orçamento previsto, um engessamento que tem impactado diretamente a operação e que já paralisa ações planejadas em campo.
A investida militar na floresta, que é liderada pelo vice-presidente da República, Hamilton Mourão, foi anunciada com o aporte “inicial” de R$ 60 milhões.
O Estadão apurou, no entanto, que, até a última sexta-feira, 3, somente R$ 2,323 milhões do orçamento previsto tinham sido empenhados, ou seja, reservados para o pagamento de serviços executados. Isso equivale a 3,8% do total planejado.
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Desse valor empenhado, apenas R$ 454 mil já tinham sido efetivamente pago, menos de 1% do planejado.
A operação foi viabilizada por meio de um decreto do presidente Jair Bolsonaro publicado em 6 de maio, que autorizou o emprego das Forças Armadas por meio de uma ação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
A operação Verde Brasil 2, iniciada em 11 de maio, chamou a atenção ao ter orçamento mensal estipulado em R$ 60 milhões, conforme anúncio feito pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo e por Hamilton Mourão.
Na prática, uma parcela ínfima desse recurso foi efetivamente aplicado nas ações contra os crimes na floresta.
Os números oficiais, informados pelo próprio Ministério da Defesa, foram compilados pela organização Contas Abertas, a pedido do Estadão.
Os dados do governo frustram até mesmo o valor oficialmente autorizado até agora para a Verde Brasil 2.
O recurso total disponível até o momento, na realidade, tem limite de R$ 7,5 milhões.
Se a execução financeira da Verde Brasil 2 está emperrada, o mesmo não se pode dizer sobre o pagamento de várias operações militares antigas, realizadas pela Defesa em 2019 ou em anos anteriores, também por meio de ações inseridas na GLO.
Trata-se de outras operações prévias, que estavam com dívidas em aberto, os chamados “restos a pagar”.
Os dados apontam que, só neste ano, foram desembolsados mais de R$ 35,655 milhões para pagar essas despesas.
A reportagem questionou o Ministério da Defesa sobre a falta de execução dos recursos. Inicialmente, por meio de nota, o Ministério da Defesa declarou que “o assunto recursos está sendo equacionado no âmbito do Conselho da Amazônia Nacional da Amazônia Legal, responsável pela coordenação do tema”.
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Foto: BNC Amazonas